terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sangue, sexo e alteridade



Outubro está quase acabando e eu não tinha escrito nada ainda... pra não ser acusada de abandono de domínio resolvi voltar a exercitar minhas idéias.

Nunca fui muito fã de seriados. Muito pontualmente me interessei por alguns poucos em momentos diferentes da minha vida. Quando estava em São Paulo, por exemplo, enfurnada em casa com dois compromissos gigantescos - ser mãe e terminar a dissertação de mestrado - me peguei fascinada por E.R (que no Brasil recebeu a tradução de Plantão Médico e teve as primeiras temporadas exibidas na Globo). Viciei a tal ponto que cheguei a ensaiar umas análises. Fui fisgada não só pela estrutura de novelinha continuada característica do formato como, principalmente, pela estética visual e pela incrível direção de câmera, sempre frenética. Nos momentos em que se tratava do foco da série - o corre-corre de um pronto socorro - a cinematografia era espetacular, desenhando uma trajetória fluida, ágil e labiríntica na mise-én-scène.

Mas esse post é pra falar do meu mais novo vício: True Blood. Para além do fato de que sempre adorei histórias de vampiro (meu nick no saudoso mIrc era "mairavampira") e de que os vampiros em questão são mesmo irresistiveis, fico me perguntando o que há de tão legal nessa série a ponto de não me entediar depois de assistir quase duas temporadas seguidas, de uma vez só.



Numa primeira olhada, True Blood parece não passar de mais um desses enlatados com um novo embrulho - pegando carona na modinha dos filmes de vampiro. Mas, alto lá! Eu não sou assim tão fácil. Há de ser algo mais além de vampiros bonitões e muitas cenas tórridas de sexo atroz e sanguinário.

Logo na abertura, uma dica pra gente se ligar: lê-se rapidamente num letreiro ao fundo de uma das cenas 'God hates fangs' (Fangs significa "presas", referência aos caninos dos vampiros, mas com um pouco mais esforço dá pra entender o trocadilho com Fags = bicha, viado). A intolerância à alteridade é o tema central em True Blood.

Nessa série ninguém é o que parece, ninguém está com a consciência tranquila, todo mundo tem um trauma ou um passado negro e, aos poucos, assim como os próprios personagens, nós, espectadores, vamos aprendendo que não se pode confiar em ninguém. Preconceito é um tema recorrente. Não é pra menos. A quase totalidade dos personagens principais é parte de alguma "minoria" - se é que dá pra chamar assim. Negros, gays, vampiros, lobisomens, transmorfos e etc. Há tanta diversidade de gêneros e seres que o conceito de "maioria" se perde na diegese. Todo mundo é algum tipo de outro - diferente, caricato, interiorano, medíocre, suburbano. E a base dos conflitos se estabelece justamente na questão da dominação entre raças e gêneros. 

Para além das questões relativas à alteridade - tão contemporânea e multiplamente discutível - há também uma pegada diferente nessa já tão batida estética vampiresca. Há um grau de humor negro bastante provocativo nas cenas de sanguinolência e carnificinas e uma pitada de cinema trash nas melecas em que os vampiros se tranformam quando morrem. O clima sombrio do universo dos vamps, lobisas e afins é sempre quebrado por um tom sarcástico e uma boa dose de erotismo. Os figurinos são provocantes e remetem à estética do fetiche, abusando de látex, correntes e maquiagem pesada. O "instinto animal" se manifesta a todo momento e todo mundo parece estar numa espécie de tesão eterno e coletivo. Sexo e romance não andam juntos aqui.

Algo na direção de arte também nos provoca ao questionamento: o paradoxo entre a assepsia e a elegância dos ambientes "vampirescos", e uma certa decadência kitsch nos espaços no mundo "normal". E, claro, no centro da narrativa, há o amor impossivel da "mocinha" com essa espécie de anti-herói que ninguém sabe ao certo ainda pra que veio. Estamos na terceira temporada ainda e muita coisa pode mudar. Mas eu gosto dessa tendência ao desvelamento de mais e mais camadas de entendimento.

Meus instintos estão aguçados.
Quero mais True Blood.


*A capinha delícia que a Rolling Stone deu pra série disse tudo:

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A experiência de uma campanha


Participar de uma campanha é algo (que eu imagino ser) parecido com esses reality shows que estão na moda. Há o confinamento: temos hora pra chegar, mas nunca pra sair e trabalhamos de domingo a domingo. Há as provas diárias de resistência, de esforço, de paciência, de autocontrole, de raciocínio. Há a delicada relação interpessoal a ser administrada.

No começo tudo é novidade: a gente acha a comida ótima, as pessoas são novas, legais e divertidas. Com o passar do tempo surgem as diferenças, os conflitos, o cansaço e a comida já começa a perder a graça com os pratos repetitivos e sem individualidade da cozinha industrial.

Acumulam-se episódios divertidos: quedas e carreiras levadas durante nas carreatas; personagens inusitados encontrados pela estrada; apelidos dados a equipe; piadas contadas na sala e na van... assim como acumulam-se episódios não tão legais: discussões - frequentemente movidas pela exaustão; teorias da conspiração entre chefes e equipes; fofocas; desavenças irreconciliáveis; broncas do chefe em público...

Talvez não seja assim com todas as equipes de campanha, mas no caso da equipe de comunicação da campanha para a reeleição do governador de Sergipe Marcelo Déda, uma coisa parece ter sido inquestionável: a confiança na causa, a certeza de estar participando de um momento histórico bastante singular e a admiração genuína de todos pelo candidato.

Só dá pra aguentar uma rotina de trabalho exaustiva quando é fácil enxergar a motivação. Isso serve pra tudo na vida. Mas nada é ainda mais nobre do que perceber que o que estamos dando é uma contribuição efetiva para um futuro melhor para as pessoas. Ao menos em um aspecto importante da vida delas, que é a garantia de cidadania e vida digna.

Falando por mim, mas arriscando falar pela maioria de quem fez essa campanha, só o dinheiro não compensaria estes três meses em que me ausentei completamente de meu convívio social e familiar. É preciso acreditar que há um papel nobre em levar à sociedade as informações necessárias para que ela tome uma decisão política qualificada.

No meu caso pessoal, houve um charme a mais em coordenar um trabalho inovador e desafiador que foi a comunicação da campanha na web e redes sociais. Como não sou besta, cerquei-me de pessoas de quem eu já conhecia ou menos desconfiava do talento e da responsabilidade profissionais. Carregarei pra sempre comigo o orgulho de, no mínimo, ter feito as escolhas certas para esse trabalho. Jovens profissionais sensíveis e talentosos – cada um com suas manias, com seus defeitos, com suas besteiras, é verdade - , mas todos com muita garra e com um futuro promissor lhes aguardando adiante.

Uma coisa é certa: todos nós crescemos muitos nestes três meses, tanto profissionalmente como pessoalmente. Nesse sentido, não posso deixar de fazer um agradecimento especial a Carlos Cauê, com quem adquiro anos de aprendizado a cada conversa de corredor e a quem nutro muito respeito e carinho. O trabalho revolucionário da comunicação tanto no governo quanto na campanha deve-se fundamentalmente a sua competência visionária.

Ok, esse é um texto longo, pessoal e possivelmente muito chato pra quem nunca trabalhou numa campanha (se é que alguém conseguiu ler até aqui). Mas quem me conhecer de verdade, verá que há aqui o relato de uma mudança significativa na minha visão de mundo, por isso senti a necessidade de fazer esse registro.

Peço ajuda a Drummond para dar um fim a essa história:
“Ninguém passa pela nossa vida sem deixar um pouco de si, sem levar um pouco de nós. Existem uns que deixam pouco, mas não existe nenhum que não deixe nada. Existem os que levam pouco, mas não existe ninguém que não leve nada”

domingo, 29 de agosto de 2010

Reflexões sobre comunicação eleitoral nas redes sociais

Em tempos de eleições na web e, principalmente, com a nova possibilidade do contato “corpo-a-corpo” com o eleitor via redes sociais, é cada vez mais fina a linha que separa o que é relacionamento do que não passa de spam.

E neste quesito, todo cuidado é pouco. Porque é possível que ainda não tenha surgido um meio mais implacável de queimar a imagem de alguém do que as redes sociais. Quem cai em desgraça via Twitter ou Orkut, já era. Um conceito central, inerente à própria natureza da rede, é o veneno mais mordaz para os que perderam as lições de netiqueta: chama-se pulverização. A navegação em teia, cujas possibilidades de caminhos são absolutamente infinitas, carrega consigo a informação de modo individualizado, personalizado e dificilmente rastreável.

Ignorar a organicidade da rede é o maior equívoco que um candidato pode cometer. Significa dizer que não adianta sair falando a mesma coisa pra todo mundo; invadindo os espaços ocupados deliberadamente por pessoas que pensam – e prezam veementemente por sua liberdade de expressão nestes espaços – para empurrar um monólogo goela abaixo. É pedir pra ser massacrado publicamente. E nenhum lugar hoje é mais público que a web.

A campanha do governador de Sergipe e candidato à reeleição, Marcelo Déda, nas redes sociais tem tido esse cuidado. O internauta é tratado como alguém que pensa e opina do outro lado. Mais que falar, a presença da equipe Déda13 na rede tem por objetivo primordial ouvir, responder, dialogar.

Em vez de sair fazendo CtrlC CtrlV para todo lado, as contas identificadas pela campanha ‘Déda13’ são conduzidas com a intenção de proporcionar mais informações e argumentos para que o eleitor tome sua própria decisão.
Obviamente, ao serem detectados os perfis que já declaram espontaneamente suas intenções de posicionamento e de participação, a estratégia é usar as redes como um meio de constante  mobilização.

É bom ressaltar que a comunicação do governo Déda não caiu de paraquedas no mundo das redes sociais, por puro oportunismo de campanha eleitoral. Há pouco mais de um ano, com a mudança de secretariado na pasta de Comunicação, foi criado um núcleo dentro da Secretaria com o desafio de encontrar os melhores meios de marcar a presença do governo nestes novos espaços de diálogo.

Denominado “Núcleo de Cultura Digital”, o objetivo da nova equipe era ocupar esses espaços com os argumentos e a opinião do governo. E, acima de tudo, tirar proveito do potencial de interlocução destes novos meios, conscientes de que, pela primeira vez, a comunicação governamental tinha acesso a uma mídia que não é surda.

Ainda que criada intuitivamente, a denominação “núcleo de CULTURA digital” não poderia ter sido mais oportuna. Sim, porque era a mudança de um comportamento que se revelaria o obstáculo mais árduo a ser superado. Tanto dentro da própria dinâmica de trabalho do governo, como, sobretudo, por parte dos próprios cidadãos.

De tão novo, esse é um trabalho que causa muito estranhamento. Tentar se relacionar na rede declarando-se como ‘governo’ ou, mais difícil ainda, como ‘equipe de campanha’ de um candidato já é por si só um passaporte para o “unfollow” ou “block”. É preciso muito tato pra não soar invasivo ou ofensivo. Ainda assim, há um número expressivo de rejeição ‘a priori’.

No caso do governador Marcelo Déda, ajuda muito o fato dele próprio alimentar ativamente sua conta pessoal no Twitter. Assim, não fica dúvidas de que o perfil @MarceloDeda é ele próprio – e que portanto é, além de governador, um cidadão, um amigo, um pai, um marido – e o perfil @13deda é alimentado pela equipe de campanha com informações atualizadas exclusivamente sobre ações e agenda do candidato.

Outra diferenciação bastante peculiar, e difícil de ser definida, na comunicação online do candidato Marcelo Déda foi a separação entre o conteúdo de notícias do site e as abordagens dos textos no blog e nas redes. Até porque é muito comum que sejam profissionais de jornalismo que integrem ambas as equipes.

Separar as Hard News do conteúdo singular, específico, diferenciado, foi o caminho encontrado e que tem dado bastante certo. No mínimo, já dá pra saber que notícia é notícia; blog e rede social é... bem, é outra coisa.

Um bom exemplo do que é essa outra coisa foi o surgimento de um personagem no blog Déda 13: o repórter de campanha. Vez por outra, os posts do blog são narrados em forma de diário pessoal, em primeira pessoa, da figura do repórter que tenta ver de fora a experiência de  trabalhar na campanha deste candidato. Há um risco em não abusar da fórmula interessante, mas vale a ousadia.

Outra peculiaridade que define a “outra coisa” das redes sociais é a possibilidade de lidar com o material bruto, do ponto de vista estético. Em detrimento da qualidade sonora e visual, vale usar vídeos amadores pelo frescor do momentum que transmitem, pelo valor agregado de verossimilhança. E aqui há de se reconhecer que é louvável que um candidato aceite o risco desta aventura em sua comunicação oficial.



Maíra Ezequiel
Coord. de web/redes sociais da campanha Déda13


sábado, 21 de agosto de 2010

Generosidade intelectual

Essas duas palavras não me saem da cabeça.
Não vou começar agora a dizer às pessoas como elas devem viver.
Faltei a todas as aulas sobre como escrever um livro de auto-ajuda (se é que precisa de aula).
Tampouco estou me posicionando como um modelo de nada.
Não é isso.
É só que observo muito. As coisas, as pessoas, o mundo.
Penso e pulso. E, às vezes, ignoro. E me anulo.
Normalmente o que não me parece interessante é o que tem muita consciência de si.
Não precisa de mim.
Luto com todas as minhas forças, cotidianamente, para manter o exercício da auto-crítica, ainda que em detrimento da auto-estima.
Bate mais forte em mim o desejo de desvelar o talento inadvertido, a beleza embrutecida, a capacidade subestimada.
Repudio o brilho forjado, acreditado, nutrido. Que se preocupa, e perde tempo, em sê-lo. Mais que qualquer outra coisa.
Antes o silêncio, a página em branco, o sorriso espontâneo, a intenção de ser bem.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Em primeira mão!

Teaser do Disco da The Baggios # 01 ::: Filmado por Victor Balde :::: Editado por Julio Andrade

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Sobre cinema e roquenrou

Já andei falando várias vezes no meu twitter mas nunca é demais lembrar: já faz tempo que não dá mais pra reclamar da noite sergipana. Falo pros roqueiros, claro.

Ainda sofremos com a falta de locais alternativos para produzir os shows, isso é um fato.O Cap. Cook é a única, mas nem de longe a melhor alternativa do ponto de vista da qualidade do serviço. Ainda assim, ainda bem que tem ele.

E além dele, como também já repeti milhares de vezes, tem essa balada excelente que é a Sessão Notívagos. Mistura de duas coisas que eu mais gosto nessa vida: cinema e rock. É pouco? Não acho. Lugar inusitado (bandas ao vivo de madrugada dentro de um shopping é a visão da transgressão! yeah!), preço justo, cerveja (ok, nem sempre tá gelada e o serviço precisa melhorar) e o principal: é um esquema que, mal ou bem, está colocando Aracaju no circuito das bandas mais expressivas do cenário indie nacional. Ninguém andava querendo se aventurar nessa empreitada aí, fazia tempo.

Uma coisa que também me faz respeitar esse esquema é o modo como as bandas estão vindo: sem roubada, cachê na mão, som minimamente decente e tal. Talvez até a equação esteja um pouquinho desequilibrada aí. As bandas tem que ser pagas e vir em boas condições, ok. Mas o resto tem que ir na mesma proporção também: esquema de som, luz, divulgação, bar, etc...Mas, enfim, isso é uma impressão de fora, superficial e totalmente não embasada da minha parte. Não quero fazer a linha de procurar defeito nas coisas que estão dando certo. De minha parte, a sessão Notívagos tem todo o desejo e torcida para que tenha vida longa.

Neste último sábado, a programação foi não menos empolgante que a média. O filme A todo volume (postei sobre ele aí embaixo) tem uma proposta bem legal. Três guitarristas comentando suas relações com o instrumento e trocando algumas idéias, fazendo uma jam. Só o The Edge ficou meio deslocado, na minha opinião. Dispensável. Mas foi ótimo ver/conhecer toda a história do Jimmy Page como músico de estudio-yardbirds-ledzeppelin. E o Jack White é uma ótima surpresa (ao menos pra mim). Além de gato, dá os melhores depoimentos sobre sua relação roots com a música. Good fun! 

As bandas dispensam apresentações. O Retrofoguetes já é de casa. Showzaço como sempre. Platéia animada e muita irreverência. Não tem show ruim desses caras. O Pata de Elefante era a novidade da noite. Não deixou nada a desejar. Um pouco mais introspectiva, mas tão competente quanto o trio baiano. Como eu previa, foi uma noite esteticamente coerente.

Entre um show e outro puxei o Rex, batera dos Retroguetes, pra um papo rápido sobre tudo isso e qualquer coisa que viesse a cabeça. Conversinha espontânea, sem compromisso com pauta. 

Rendeu. Olhaí embaixo.

 

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sessão Notívagos - 12/06 - 23h


Mais uma noitada de cinema e rock nos aguarda. Desta vez, o filme é A todo volume (It might get loud/EUA/2009) que, ao que parece, é uma espécie de documentário sobre a guitarra elétrica a partir do ponto de vista de três ícones de gerações distintas: Jimmy Page, The Edge e Jack White (*suspiro). O trailer é ótimo:


Depois do filme, dois shows imperdíveis. Uma das bandas, (felizmente) já está ficando freguesa por aqui: Retrofoguetes (BA). Sempre incendiária no palco, já viraram referência quando se trata de surf music/rockabilly/instrumental na cena indie brasileira. 

A outra também compartilha do movimento "pra-quê-vocalista". É a Pata de Elefante (RS), também já com uma reputação sólida no circuito offstream. Eles acabam de lançar disco novo pela Trama Virtual que dá pra baixar todinho aqui e podemos dizer que é um privilégio tê-los em Aracaju. Custei a acreditar quando vi a programação. Dá uma escutada no MySpace dos caras e você vai entender porque digo isso.

Acho que essa vai ser a Sessão Notívagos mais "esteticamente coerente", digamos assim. ;) 
Tipo: YES, WE LOVE GUITARS!
Desta vez, espero não perder. E vou tentar fazer jus a minha reputação de blogueira e fazer uma coberturazinha com foto, video, audio, etc...

Até lá.
Serviço aí no cartaz. Bjs.




sexta-feira, 4 de junho de 2010

Repassando... 

****Tributo a Bob Dylan, no Cap. Cook****


A admiração pela música Folk e o Rock, fez com que Fabinho (Snooze) , Melciades Filho ( Máquina Blues) , Julio Andrade e Gabriel Perninha (ambos da The baggios) se reunissem para pagar esse tributo à um dos gênios da Música Folk , Bob Dylan. The Jack Frost Project fará uma apresentação dividido entre as músicas elétricas e acústicas, não deixando de dar uma roupagem nova para as composições do cantor. O nome do projeto veio de um pseudônimo usado por Dylan para assinar a produção dos seus últimos discos.


A abertura fica por conta da banda "A Máquina" que fará um show tocando músicas da lendária Velvet Underground.


Serviço:
Dia 05 de Junho/Sábado

no Capitão Cookàs 
22hs
R$10



*** Virada Cinematográfica, Cinemark Jardins****
Em comemoração aos três anos do Projeto Cine Cult, a produtora ‘Cine Vídeo Educação’ fará três eventos no mês de junho. O primeiro deles é uma edição especial da 'Virada Cinematográfica' que acontece no sábado, dia 05 de Junho a partir das 23h59 no Cinemark Jardins.


Na ocasião, serão exibidos três filmes a partir das 23h59, com água, café e refrigerante nos intervalos e um belo café da manhã no final. Os filmes escolhidos são na ordem de exibição:Mother- A busca pela verdade, (Filme Surpresa) e Soul kitchen.

Os ingressos custam R$ 15,00 até o dia 04/06 e R$ 20,00 no dia do evento. Os interessados podem adquirí-los na Casa da Cópia do Shopping Jardins.


A programação de aniversário da ‘Cine Vídeo Educação’ continua no dia 11 de junho com uma palestra com o crítico de cinema de Salvador João Carlos Sampaio e termina no dia 12 com mais uma Sessão Notívagos.



***Coisa Linda Sound System (AL) na Rua da Cultura***
Banda alagoana Coisa Linda Sound System encerra tour em Aracaju junto com o Virote Coletivo nesta segunda, 07/06, na rua da cultura, a partir das 18h.A banda está na estrada, na segunda parte da turnê de divulgação do disco ‘Da Vida e do Mundo’, composto e produzido Marcelo Cabral e por Aldo Jones.


Em parceria com o Virote Coletivo, a Coisa Linda Sound System divide o palco com as atrações: NantesNautilus (integrantes do Virote Coletivo), Alex Sant'Anna e Reação.


sexta-feira, 28 de maio de 2010

I Seminário Mídias Digitais e Transformação Social


Um sucesso!
Super obrigada a todos os convidados e todos os participantes.
IT HAS LIFTED MY HEART!

Vejam todos os detalhes, em texto videos e fotos. aqui.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

I Seminário Mídias Digitais e Transformação Social: um novo paradigma para a comunicação

Entrevista com Claudio Manoel para o hotsite do Seminário.
O orgulho é todo meu.


Além das palestras, o I Seminário Mídias Digitais e Transformação Social irá contar com um espaço de formação para gestores de comunicação do Governo de Sergipe. Mesmo com reuniões semanais sobre o tema, através de um grupo de Web composto por membros do governo, a gestão estadual percebe a importância da qualificação dos seus assessores. Por isso, convidou o mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA e professor Cláudio Manoel Duarte para ministrar um workshop aos gestores, entitulado 'As peculiaridades da comunicação governamental nas redes sociais'.


Com foco na discussão da democracia e participação popular, o workshop acontece na tarde da sexta-feira, dia 28 de maio, e irá discutir e fomentar o debate acerca da nova forma de fazer a comunicação entre o governo e a população.  O protagonismo da sociedade civil, possível com a chegada de novas tecnologias e com as redes sociais,  na produção e recepção de informação vem forjando uma nova relação entre o estado e as pessoas. Este momento, onde a interação é pouco ou nada mediada pelos grandes meios de comunicação, deve ser encarado, pelos profissionais da área,  com ousadia, e portanto, a premissa é inovar!

Veja a entrevista do pesquisador Cláudio Manoel Duarte, feita pela equipe do blog e-Sergipe. Ele comenta a experiência de montar o Núcleo de Cultura Digital (NCD) da Secretaria de Estado da Comunicação Social (Secom) do Governo de Sergipe além de situar as redes sociais no atual panôrama do trabalho em comunicação pública e na perspectiva da democratização da informação.

NCD - De que forma você acha que as mídias digitais têm ampliado as possibilidades da comunicação governamental?
CLÁUDIO MANOEL DUARTE - Creio que essas mídas trouxeram, tecnicamente, três enormes possibilidades. A primeira diz repeito à autonomia de produção de conteúdos, advinda de uma das leis da cibercultra que é a liberação do polo de emisão. A comunicação governamental, assim como outras comunicações institucionais ou não, não precisam mais passar pelo crivo da mídia tradicional. A segunda possibilidade é a real condição de interlocução com o público, através dos recursos de interatividade. Esse é um elemento fundamental e que sua subutilização ou não uso implica estar fazendo comunicação errada na web e nas redes digitais em geral. Só usam integralmente esses suportes se esse recurso – interatividade – ganha corpo no processo de comunicação. A terceira possibilidade que destaco é a atualizaçao contínua das informações. Um recurso de extrema importância que essas ferramentas trazem para colocar a sua audiência efetivamente atualizada. Não usar a atualização – pelo contrário – coloca essa mídia/suporte no descrédito como canal de informação, ao ponto de perder audiência, inclusive com dificuldade de ser recuperada.

NCD- De que forma você enxerga o futuro da comunicação governamental nas mídias digitais? As atuais ferramentas existentes tendem a se modernizar ainda mais ou devem surgir novas ferramentas, com ainda mais possibilidades?

CLÁUDIO MANOEL DUARTE - É preciso entender que qualquer nova ferramenta de comunicação que surja – dentro ou fora das redes digitais – são instrumentos de complementariedade da comunicação e podem funcionar ou não, a depender da circunstância, tema ou target de público. A saída não é necessariamente somente essas mídias digitais. O trabalho com as chamadas mídias tradicionais devem permanecer igualmente como complementariedade. Quantos mais canais eficazes de comunicação melhor. Sim, as ferramentas digitais são alteráveis, permanentemente, e é por isso que teremos que conviver com suas novas versões (1.0, 1.2, 1.3 etc) trazendo novos recursos, fruto de um movimento interno e silencioso do desejo coletivo nessas redes, que motivam os programadores. A sobrevivencia da eficácia dessas ferramentas tem a ver diretamente com suas novas versões: ferramentas digitais só envelhecem quando elas são abatidas por novas ferramentas que apontam saídas melhores.

NCD - Como foi a experiência de criação do Núcleo de Cultura Digital da Secretaria de Estado da Comunicação Social (Secom-SE)?
CLÁUDIO MANOEL DUARTE - Sem dúvida foi uma das experiências mais bacanas em minha vida profissional. Por uma série de motivos: Maira Ezequial tinha sido minha aluna em Alagoas e nos reencontramos trabalhando juntos, profissionalmente, num mesmo projeto, anos depois. É para sentir orgulho, não? Até porque já sabia e conhecia o seu olhari nteligente e sensível para as coisas do mundo e ese projeto, desafiador, era uma oportunidade de verdade. Depois, e por conta disso, esse é um projeto pioneiro no país, nessa área governamental, com criação de núcleo específico e aberto totalmente à experimentação. E isso não é pouco: ter um olhar de que essa atividade deva existir e dar o tempo a ela necessário para ser experimentada é entender que é possivel sim aprender fazendo para apontar caminho de melhora das coisas que às vezes nos parece distante. Uma outra coisa que me chamou a atenção foi a importancia e cordialidade que recebemos por parte de Cauê, que convocou toda a equipe de comunicaçao para ouvir sobre o projeto e deu, ao mesmo tempo, liberdade de produção do primeiro exemplo. Lembro que elaboramos, eu e Maira, na mesma tarde um projeto simples mas que dava conta das idéias de uso dessas mídias pós-massivas sem grande alarde e entendendo que estávamos complementando o trabalho já existente do governo na area de comunicação tradicional.

NCD - O que o NCD tem de peculiar e porque é importante a existência de um núcleo como esse dentro de uma estrutura de comunicação governamental?
CLÁUDIO MANOEL DUARTE - A comunicação é integrada já há muito tempo. Não tem sentido pensar apenas a assessoria de imprensa. A comunicação está também nas relações públicas, em ações de marketing, de publicidade e propaganda, além do jornalismo. Igualmente vale para suportes: impressos em geral, televisão, rádio e mídias digitais. Por outro lado, é preciso entender que os suportes digitais tem muitas especificidades e é preciso uma equipe focada nisso, desde jornalista e publictários a programadores de plataformas. É um complexo multiplataforma e, além do trabaho de produção de conteúdos, exige outros níveis de conhecimento. É preciso equipe especializada. Senão o trabalho fica, digamos, amador no sentido de inacabado e impreciso, já que seria feito sem um olhar efetivamente dedicado.

Cláudio Manuel é Professor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano - UFRB, Mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA, fundador e dj do grupo de música eletrônica Pragatecno, sub-editor da publicação 404nOtF0und, membro do coletivo de artistas digitais e-letroINvasores, moderador da comunidade virtual PragatecnoBrasil e produtor cultural. Conheça mais dele no seu Multiply, no site do PragaTecno e no seu Twitter.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Pra começar a falar de Web 3.0

Achei esse doc muito esclarecedor e didático pra quem ainda tá se perguntando o que é essa tal "web semântica" que esse povo já tá inventando agora. :)
(Não tem legenda. Atualiza esse inglês aí, hein?)

Enjoy.



Web 3.0 from Kate Ray on Vimeo.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A melhor balada de Aracaju



Tenho falado e não é exagero: a Sessão Notívagos é hoje em dia a melhor balada alternativa de Aracaju (e de fazer inveja a muitas outras capitais). Saca só a receita: um filme off-circuito + uma banda indie consagrada + banda local de abertura + madrugada de sábado adentro no shopping fechadinho só pra nós. Custo? R$ 20, 00 com direito a birita. Negoção, dizae.

O filme desta semana é o brazuca: Os famosos e os duendes da morte, primeiro longa de Esmir Filho, que ficou famoso pelo hit do youtube Tapa na pantera. O trailer já empolga bastante. Mistura de uma atmosfera de nerdismo, tédio, cidade pequena, vida virtual e Bob Dylan. A cara do público da Notívagos. ;)

Antes do longa, será exibido o curta-metragem cearense Supermemórias - um recorte poético da cidade Fortaleza a partir de registros em Super-8 das década de 60, 70 e 80 com músicas inéditas de Fernando Catatau na trilha sonora. 

O curta também não é a tôa. Catatau, autor da trilha, é o frontman da banda indie nacional mais inventiva e original que já surgiu na cena: Cidadão Instigado. Pela primeira vez em Aracaju, eles vêm lançando o mais novo trabalho intitulado "UHUUU!". Quem abre a noite são os sergipanos Elvis Boamorte e os Boa-vidas, banda do ex-batera da The Baggios que eu to bem curiosa pra conhecer.

E aí, vamo lá?

Serviço:
O que: Sessão Notívagos 
Quando: Sábado, 08 de maio, 23h
Onde: Cinemark Jardins
Quanto: Ingresso preço unico R$20,00 + 3 bebidas
(A venda na Casa da Cópia do shopping Jardins e na Casa da Música no calçadão das Laranjeiras)


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Contra a banalização do Twitter

Tive uma discussão com um casal de amigos esse fim de semana que só não foi mais curiosa porque, penso eu, tem sido um assunto comum entre vários grupos de nossa faixa etária.

Nos pusemos, eu e essa amiga, a tentar argumentar para nossos respectivos maridos do porquê do Twitter não ser uma mera perda de tempo. E de uma forma bastante consistente e totalmente espontânea acabamos conseguindo convecê-los de que, no mínimo, era possível lançar um olhar sério sobre essa experiência.

Me toquei de que, no que se refere as redes sociais, nós, trintões, somos de uma geração que ainda está meio dividida. Alguns engajadíssimos, outros torcendo o nariz. É muita novidade, muita velocidade, muita informação e a gente ta naquela fase de se sentir meio velho. Até comentei outro dia, noutra ocasião, como essa fase dos trinta é mesmo um divisor de águas na vida da gente. Mas o assunto não é esse e Balzac que descanse em paz.

É claro que essa é uma conversa já meio gasta e que é fácil pra mim, que estou absolutamente imersa nesse universo e tenho as “novas redes sociais” como ambiente de trabalho, listar as vantagens e os usos dessas ferramentas. O dado que eu considerei curioso foi a facilidade que nós duas tivemos para montar argumentos sólidos sobre a verdadeira revolução que acontece nesses meios, a partir das nossas próprias experiências.

Fiquei pensando depois que o que estamos vivendo é uma ruptura gigantesca do entendimento de nós mesmos como seres que pensam e se comunicam. Lembrei do quanto eu já falava isso de forma totalmente instintiva nas aulas de estética na universidade, ano passado. E até me choquei lembrando como ainda há gente jovem e inteligente que, no auge de sua arrogância intelectual, dá as costas pra essa tendência –  negligenciando a si próprio a possibilidade de romper barreiras para as mais ricas e inovadoras modalidades de trocas, cujo único filtro são seus interesses e suas vontades individuais.

Isso pra não entrar na seara da expressão artística, poética, subjetiva. Faíscas de efêmeras genialidades tem agora infinitos modos de serem eternizadas. Deixam rastros que podem ser literalmente “seguidos”. Demonstrações de simpatia, compartilhamento de sensações, gestos traduzidos em uma linguagem que transcende idiomas podem agora ser compartilhados entre seres de quaisquer lugares do planeta. Isso não é pouco e não é nada senso-comum quando experimentado com profundidade e entrega.

Nessa empolgação toda, fico tendo que controlar minha ansiedade em saber o que vem a seguir e que modelos de relacionamentos estarão em voga para a minha filha, por exemplo.  Será que é demais pensar que caminhamos para um momento em que, ao menos para a maioria de nós, a ignorância será uma questão de opção?

sábado, 24 de abril de 2010

Essa vida tira uma onda...

É só comigo ou vocês também tem a impressão que essa vida vive tirando uma onda com a gente?
Porque, vamo combinar, viver é participar de um festival de sarcasmo, ironia, humor negro e piadas sem graça.

Quer ver? Foi só eu começar a dizer pra mim mesma: "tudo bem, eu sou gordinha mesmo, tenho direito de ser gordinha e a partir de agora vou ser feliz assim!" Pra quê? No mesmo dia, vem minha mãe perguntar quando eu começo a fazer a dieta; minha tia pergunta quando vou voltar pra academia; gente me encontra na rua e comenta, daquele jeito meigo, "tá mais forte, né?"... e por aí vai. 

E quando eu penso em parar de beber? Parece que, de repente, sou a pessoa mais popular do mundo; todo mundo quer pagar uma pra mim; tem festa com birita de graça todo dia e até meu pai pergunta, com ar de surpresa: "Vai tomar uma cervejinha não?"

Tá. Aí eu decido fazer dieta. Como num passe de mágica, ninguém mais me acha tão gorda assim; aparecem mil aniversários de criança pra levar minha filha (aquelas orgias de doces); os colegas trazem chocolate pro trabalho, e etc.

Mas, táááá, tuuuudo bem. Isso é besteira. PIOR é quando eu paro e lembro que preciso ser uma pessoa MELHOR. "Preciso ser mais simpática, mais generosa, mais compreensiva." Acho que tem um radar que atrai todo tipo de pau-no-cu que é acionado justamente quando a gente insiste em ser uma pessoa do bem. 

Um  idiota te segue dando sinal de luz mesmo você estando na faixa da direita e a 100 km/h; o imbecil do seu vizinho decide testar o som ultra-mega-power do carro dele na sua porta num domingo à noite, obviamente com o pior repertório possível; aquela piranha safada que você odeia fica bêbada e dá em cima do seu marido na tua frente; sua filha estribucha no chão gritando bem alto no meio do shopping porque quer ir no game station.

Só digo uma coisa: se as coisas acontecem por vontade divina, Deus só pode ser um sádico.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Minha história com Daniel

Lendo todos os relatos sobre o Daniel e as homenagens feitas pelos amigos, senti que faltava a minha parte. Resolvi que compartilhar minha história com Daniel, com quem possa se interessar, talvez me ajudasse a superar a tristeza profunda que sinto agora e que me impede de tocar a vida com a mesma fluidez de antes.

Foi no dia 24 de julho de 1996, num fim de show da extinta Mosaico, um domingo a noite, no extinto Tequila Café, que eu passei pelo Fabinho, voltei e falei:  "Oi, você é o cara da Snooze, né?".

Eu estava com a Daniela e o Fabinho, com o Daniel. Nessa noite mesmo, já voltamos pra casa da minha tia no carro com os meninos. Antes, porém, bebemos juntos até o bar nos expulsar e, não satisfeitos, compramos um vinho barato e ficamos falando besteira dentro do carro até de manhã. Por pelo menos um ano, não conseguimos nos desgrudar mais.

Ainda morava em Maceió nessa época. Então começamos uma rotina louca de num fim de semana a gente vinha, no outro eles iam lá. Viramos um quarteto inseparável. Eu ficava com Daniel e a Dani ficava com Fabinho. Só beijinhos. Mas uma regra silenciosa proibia que qualquer um assumisse que estava namorando. O mais importante era a união dos quatro.

Nossa amizade tinha uma pureza muito grande. Não era nada do tipo "sexo, drogas e rock'n'roll", apesar deles serem "os caras daquela banda de rock". A gente gostava mesmo era de falar besteira. Ríamos muito. Nos amávamos intensamente e só queríamos estar juntos. Cada vez que tínhamos que nos despedir era um sofrimento.

Era o início da nossa independência, fase de ouro que tive o privilégio de compartilhar com Daniel, Fabinho e Daniela. Fizemos viagens loucas pra Recife e Salvador, só como desculpa pra passar mais tempo juntos.

Essa em Salvador é antológica. Tocamos o terror num bar, também extinto, que tinha o sugestivo nome de 'Vicious'. O dono era o Messias, na época ainda vocalista da brincando de deus e já amigo dos meninos. Muito foda aquele bar. Aquela noite foi inesquecível.

A de Recife Fabinho não foi - e ficou arrasado por isso. Daniel encarou 8 horas de ônibus só pra passar um fim de semana com a gente, na roubada. Ficamos os três num mesmo quarto de hotel. Levamos uma bronca da recepcionista por isso, mas nem ligamos. Não teve nenhuma orgia. Só enchemos a cara e rimos muito. Muito mesmo. Com todo tipo de bobagem que nos vinha a cabeça. Saímos uma noite, só pra sair mesmo. Fomos num show do Kid Abelha no (também) extinto Circo Maluco Beleza. Mas a gente nem ligou pro show, especialmente depois que Daniel fez um comentário infeliz sobre as pernas da Paula Toller (humpf!). Conversamos, bebemos muito e rimos alto.

Quando eles iam pra Maceió ficavam na minha casa. Eu ainda não sabia dirigir. Numa dessas vezes, Daniel, com aquela cara de bom moço, conseguiu uma façanha inacreditável: dirigir a caravan do meu pai pra gente sair à noite. Quem conhece o meu pai, e a relação dele com o carro DELE, deve estar agora de queixo no chão.

Quando eu e Dani vínhamos pra Aracaju, ficávamos na casa do Fabinho. O pai do Fabinho era representante dos vinhos Santa Felicidade e a loja era na garagem da casa. E mais: os pais dele não passavam o fim de semana em casa. Era o verdadeiro paraíso. Demos uma boa baixa nos estoques de seu Rafael.

Mas, um dia, Daniel conheceu outras meninas. E, do mesmo jeito que eu tinha roubado ele das amigas dele (Alessandra, Ágatha e Gabi - que naturalmente me detestavam) elas roubaram ele de mim. E, óbvio, eu as detestei. Na verdade, isso eu iria entender só muito tempo depois, Daniel é que era assim: desprendido, aventureiro, nômade. Algum tempo depois, ele foi embora morar em Campinas e também deixou essas meninas pra trás. E lá, deixou outras muitas.

Apesar da distância e da eterna queixa por ter sido abandonada, é óbvio que ele sempre teve um lugar especial na minha vida. Principalmente porque foi depois que ele se afastou que eu comecei verdadeiramente minha história de amor com o Fabinho.

Uma década se passou. Crescemos, amadurecemos e nesses últimos três anos, não teve uma vez sequer que ele viesse por aqui que não desse um jeito de nos ver. Nesse último fim de ano, a visita dele foi bem especial. Ele passou lá em casa numa noite e, dessa vez, ficou claro que estava sem nenhuma pressa pra ir embora. Sentei do lado dele como há muito tempo não fazia e, por diversas vezes, olhei pra ele, sorri e falei que estava muito feliz por vê-lo.

Na última segunda feira, comecei o dia com minha sessão de terapia. Espontaneamente, passei a sessão inteira contando essa história pra minha psicóloga. As lembranças ficaram vívidas em minha memória ao longo de todo o dia. À noite, Fabinho me deu a notícia triste quando chegou em casa.

Essa vida é estranha.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Um encontro especial



Foi sem saber que me deparei com esse belíssimo filme ontem a noite. Enquanto o céu desabava sobre Aracaju, vinhos, carinhos e cinema-arte.
Nazismo, homossexualismo, machismo, repressão, sublimação. Uma atmosfera de sutileza visual, sonora, estética e espacial. E, acredite, nada, nada de convenções.
Não fosse pelo pano de fundo da visita de Hitler à Itália, que ao final do filme vai se revelar não uma mera localização de tempo, do modo que foi filmado, Una Giornata Particolare (1977) poderia se passar em qualquer época. 
Há um quê do Hitchcock de Janela Indiscreta na transparência da relação entre os dois vizinhos "de janela"; e na própria janela-objeto, pela qual escapa um papagaio e para onde ele vai pousar - criando o elo, e o conflito, entre os personagens. Também há Hitchcock no espaço cênico único, do condomínio, - ora no apartamento de um ou do outro, ora no telhado - onde se desenrola toda a história.
Há também traços de Antonioni nos enquadramentos insistentemente pictóricos, simétricos, cujos objetos se projetam à frente da cena e dos próprios personagens, tornando-se eventualmente nós de tensão ou conflito, mesmo que visual (o lustre desregulado, os papéis que se espalham no chão, a louça suja empilhada na mesa, os lençóis estendidos no varal do terraço).
Mas, claro, estamos falando de outro gênio do cinema. E a beleza e a sutileza no tratamento de temas tão intensos e delicados como os que Una giornatta particolare suscita só podia sair da direção de um Ettore Scola.
Um filme para noites chuvosas e bem-acompanhadas.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ao fim do dia do jornalista

O dia do jornalista vai acabando e eu fico aqui pensando...

ao mesmo tempo em que, como muitos hoje em dia, vivo me perguntando onde estava com a cabeça quando decidi ser jornalista, vez por outra ainda consigo sentir aquela tão sonhada realização.

Ainda me entristecem a cultura da vaidade do nome e do glamour da imagem daquele "grande formador de opinião". Sou mais afeita ao hábito da humildade, e ele é escasso em nosso meio. Não deve ser à tôa que usamos a palavra "humilde" como eufemismo para uma pessoa que é pobre, de dinheiro mesmo.

Entretando, nessa já não tão nova configuração de mundo, onde a idéia de troca de informação precisa ser substituída pela cultura do relacionamento, do compartilhamento e da generosidade intelectual, algum entusiasmo dentro de mim se reacende.

E é nesses surtos de devaneio que volto a achar que era mesmo besteira minha querer ser médica só porque fiquei viciada em E.R.  

quinta-feira, 18 de março de 2010

Rock, cerveja e filme cult no shopping de madrugada



Não é brincadeira. É a Sessão Notívagos, no Cinemark, que tem se revelado um programa bacaníssimo e bem inovador não só pra sergipe como pra todo o Brasil. O projeto tem sido levado com seriedade pelo Roberto Nunes e, ao menos nas vezes que pude ir, vai ficando cada vez mais interessante e organizado.

Desta vez, ele jogou duro convidando os pernambucanos da Eddie, que estão devendo um show decente aqui em Aracaju (não por culpa deles, claro).

O filme também não fica nada a dever. A fita branca, do Michael Haneke, foi vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2009, prêmio de melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro 2010 e indicado ao Oscar 2010 em duas categorias: melhor fotografia (Christian Berger) e melhor filme estrangeiro (candidato pela Alemanha).

Quem abre a programação de shows é a banda Cabedal, o que pra mim significa que sou eu quem vai ter que jogar duro também na perseverança pra ver a Eddie, que só deve começar a tocar lá pelas 3h da manhã. Não tenho dúvida que vai valer a pena.

Sessão Notivagos: Fita Branca + Bandas Eddie e Cabedal

Sábado, 20/03 - Cinemark Jardins - Das 23h00 as 04H00

R$ 20,00 o preço único até 19/03

Ingressos na Casa da Cópia do Jardins


terça-feira, 16 de março de 2010

Só Sonic Youth salva

Dia de extrema angústia.
Só Sonic Youth pode me salvar.
Decretei oficialmente hoje meu Sonic Youth Day

domingo, 14 de março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

Jovem é uma merda


Brinco com essa coisa de estar ficando velha, mas a verdade seja dita: jovem é uma merda.

Acha que sabe de tudo sem ter vivido nada. Acha que pode mudar o mundo, mas se rebela com as causas erradas. Não lê o que os professores indicam só de pirraça. Acha graça e se diverte com as coisas mais imbecis do universo, enquanto the real fun passa ao lado e o cara não saca. Enfim, uma merda.

Eu sei, eu seeeeeei, cada coisa em seu tempo e tal. É claro que, assim como a juventude, a maturidade tem lá suas perdas e ganhos.

Mas, se pudesse ter escolhido, gostaria de viver agora algumas experiências que vieram cedo demais. Como não adianta chorar o leite derramado, me esforço pra rir da minha tragédia (sim, estou exagerando).

Já tive o privilégio de sair do Brasil uma meia dúzia de vezes e, entre idas e vindas da memória, vez por outra me recordo com dificuldade das visitas que fiz a verdadeiros templos da cultura do mundo. Moma, Museu de Belas Artes de Boston, Museu de Historia Natural, Opera House, Museu de Ciencia de Vancouver, e por aí vai.

Alguns mais bem aproveitados que outros. Mas certamente foram todas experiências muito mais sensoriais que intelectuais, haja visto que a ultima vez que saí do país já tem mais de 10 anos.

Uma das provas que guardo comigo de que subaproveitei essas oportunidades foi a lembrança que me motivou a escrever esse post e que agora já tenho cara de pau suficiente para assumir.

Quando completei 16 anos fiz um intercâmbio de curta duração em Vancouver, no Canadá. Tudo lindo e maravilhoso. Pois bem. Uns oito anos depois, encontrei no meio da minha bagunça o único album de fotos que fiz por lá.

Qual não foi minha suspresa ao me deparar com uma determinada foto em que apareço em frente a um prédio pomposo e majestoso de cujas colunas se penduram uns banners coloridos belíssimos.

Lembrei na hora o contexto da foto. Não entrei no prédio. Achei o jardim em frente bonito e pedi que tirassem a foto. Era bem perto de onde estudava e tive todos os dias para entrar lá, mas não tive curiosidade suficiente.

Ao examinar com mais cuidado o tal retrato quase tenho um infarto do miocárdio. O prédio era da Galeria de Arte da cidade (Vancouver Art Gallery) e o banner colorido era nada menos que a Marilyn de Andy Warhol, sinalizando a exposição que estava em cartaz.

Como eu falei. Jovem é uma merda.

terça-feira, 2 de março de 2010

O amanhã de hoje


E eis que chega o tempo em que nossos sonhos precisam ser engavetados

Desejos de um futuro ideal transformam-se em ingênuas utopias

E então há de se aprender com urgência a não mais desprezar pequenos prazeres e micro vitórias cotidianas

E lembrar-se com generosidade de uma auto-imagem construída precocemente e sem referências

Pois o desafio de cada dia é viver apesar de nossa coleção de fracassos.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Top 100 - Filmes da década 2000: Parte 2

Partimos então para a Primeira Divisão.
Os 10 primeiros eu manteria exatamente nessa ordem mesmo. Os outros 10 muito provavelmente também.
Do 21 ao 49 já descamba para aquela conveniência que falei no outro post. Comparando os blocos de filmes que deviam subir ou descer mais.
Mas continuo dizendo: não tem NENHUM sequer meia-boca aí embaixo.
Façam bom proveito.


  1. Watchmen – Dir. Zack Snyder
  2. Lost in translation - Dir. Sofia Coppola
  3. Brilho eterno de uma mente sem lembranças - Dir. Michel Gondry
  4. Gran Torino - Dir.Clint Eastwood
  5. Bastardos Inglórios – Dir. Quentin Tarantino
  6. Adaptação - Dir.Spike Jonze
  7. O Cavaleiro das trevas – Dir. Christopher Nolan
  8. Dogville - Dir.Lars Von Trier
  9. X-Men - Dir. Bryan Singer
  10. Quero ser John Malkovich - Dir. Spike Jonze
  11. Senhor dos anéis 1 - Dir. Peter Jackson
  12. Gangues de Nova York - Dir. Martin Scorcese
  13. Alta Fidelidade – Dir. Stephen Frears
  14. Mullholand Drive – Dir. David Lynch
  15. Dançando no escuro - Dir.Lars Von Trier
  16. Madame Satã – Dir. Karim Ainouz
  17. Onde os fracos não tem vez – Ethan e Joel Coen
  18. Shine a light - Dir. Martin Scorcese
  19. A música mais triste do mundo – Dir. Guy Maddin
  20. A má educação – Dir. Pedro Almodóvar
  21. Brand upon the brain - Dir. Guy Maddin
  22. Maria Antonieta - Dir. Sofia Coppola
  23. Quase Famosos – Dir. Cameron Crowe
  24. O segredo de Brokeback Mountain – Dir. Ang Lee
  25. Traffic – Dir. Steven Soderbergh
  26. Anti herói Americano – Dir. Shari Springer e Robert Pulcini
  27. O cheiro do ralo – Dir. Heitor Dhalia
  28. O labirinto do Fauno – Dir Guillermo Del Toro
  29. Kill Bill Vol.1 – Dir. Quentin Tarantino
  30. Os infiltrados - Dir. Martin Scorcese
  31. Volver - Dir. Pedro Almodóvar
  32. Synedoch New York - Dir. Charlie Kaufman
  33. Match-Point – Dir. Woody Allen
  34. Entre quatro paredes – Dir. Todd Field
  35. Edifício Master – Dir.Eduardo Coutinho
  36. Cidade de Deus – Dir. Fernando Meirelles
  37. O invasor – Dir.Beto Brant
  38. 24 hour party people – Dir. Michael Winterbottom
  39. Hulk – Dir. Ang Lee
  40. Once – Dir. John Carney
  41. Elephant – Dir. Gus Van Sant
  42. Tiros em Columbine – Dir. Michael Moore
  43. Jogo de cena – Dir. Eduardo Coutinho
  44. E sua mãe também – Dir. Alfonso Cuarón
  45. Melinda e melinda - Dir. Woody Allen
  46. Moulin Rouge – Dir. Baz Luhman
  47. Os Incríveis – Dir. Brad Bird
  48. Sin City – Dir. Frank Miller e Robert Rodriguez
  49. A noiva cadáver - Dir. Tim Burton

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Top 100 - Filmes da década 2000: Parte 1

Há mais ou menos um mês, um amigo me desafiou a fazer um top 100 dos melhores filmes lançados de 2000 até 2010.
Aceitei o desafio, mesmo achando que não ia conseguir.
O mais difícil foi pôr em ordem de preferencia. Confesso que alguns foram saindo da memória direto pra lista. Especialmente esses ultimos cinquenta.
O que fiz depois foi ir trocando de lugar fazendo comparações mais próximas entre um aqui e outro ali.
No final, achei gratificante perceber que nos últimos dez anos vi ao menos 100 filmes realmente bons.
Pode apostar: ruim aí não tem nenhum.
Comecemos pela " segunda divisão", digamos assim.


  1. Dirigindo no escuro – Dir. Woody Allen
  2. Procurando Nemo – Dir. Andrew Stanton e Lee Unkrich
  3. Boa noite e boa sorte – Dir. George Clooney
  4. Vicky Cristina Barcelona – Dir. Woody Allen
  5. Hedwig – Rock, Amor e traição, Dir. John Cameron Mitchell
  6. Sobre café e cigarros – Dir. Jim Jarmusch
  7. Homem-Aranha – Dir. Sam Raimi
  8. Atividade Paranormal – Dir. Oren Peli
  9. Os outros – Dir. Alejandro Amenábar
  10. Shrek – Dir. Andrew Adamson e Vicky Jenson
  11. Adeus Lênin – Dir. Wolfgang Becker
  12. Os sonhadores – Dir. Bernardo Bertolucci
  13. Réquiem para um sonho – Dir. Darren Aronofsky
  14. Monstros S.A. – Dir. Pete Docter
  15. Sideways – Dir. Alexander Payne
  16. Borat – Dir. Larry Charles
  17. Ônibus 174 – Dir. José Padilha
  18. Lavoura Arcaica – Dir. Luiz Fernando Carvalho
  19. Loki – Dir. Paulo Henrique Fontenelli
  20. The 25th Hour – Dir. Spike Lee
  21. Amnésia – Dir. Christopher Nolan
  22. Minha vida sem mim – Dir. Isabel Coixet
  23. O escorpiao de Jade – Dir. Woody Allen
  24. O tigre e o dragão – Dir. Ang Lee
  25. As bicicletas de belleville – Dir. Sylvain Chomet
  26. Snatch, Porcos e Diamantes – Guy Ritchie
  27. Valsa com Bashir – Dir. Ari Folman
  28. Billy Elliot – Dir. Stephen Daldry
  29. Bicho de sete cabeças – Dir. Laís Bodanzky
  30. Farenheit 9/11 – Dir. Michael Moore
  31. No direction home – Dir. Martin Scorcese
  32. Amarelo Manga – Dir. Claudio Assis
  33. Waking Life – Dir. Richard Linklater
  34. Controle – A história de Ian Curtis
  35. Johnny e June – Dir. James Mangold
  36. Sicko – Dir. Michael Moore
  37. Into the wild – Dir. Sean Pean
  38. A fuga das galinhas – Dir. Peter Lord e Nick Park
  39. O plano perfeito – Dir. Spike Lee
  40. Cinema Aspirinas e Urubus – Marcelo Gomes
  41. Manderlay – Dir. Lars Von Trier
  42. Meu nome não é Johnny – Dir. Mauro Lima
  43. O sonho de Cassandra - Dir. Woody Allen
  44. Ensaio sobre a cegueira – Dir. Fernando Meirelles
  45. Scoop - Dir. Woody Allen
  46. Hellboy – Guillermo Del Toro
  47. Animatrix – (vários)
  48. Do Inferno – Dir. Albert e Allen Hughes
  49. Eu, Tu, Eles – Dir. Andrucha Waddington
  50. Concorrência desleal – Dir. Ettore Scola
  51. O ilusionista – Dir. Neil Burger