domingo, 14 de dezembro de 2008

Rilke

Há uns 13 anos, um professor de filosofia figura me fez um favor que nunca vou esquecer.

Foi assim: estava eu lá num dos bancos da Ufal, com essa cara amarrada que me acompanha até hoje. Ele sentou do meu lado e eu vomito: "ai, to deprimida". Ele: "deixa de frescura, menina. Amanhã vou trazer um negócio pra você".

No outro dia ele me aparece com três livros: Histórias Extraordinárias, do Edgar Allan Poe (esse eu nunca devolvi), Ejaculações Ereções e outras Pornografias, do Bukowski (foi o primeiro que eu li, hehe) e Cartas a um jovem poeta, do Rainer Maria Rilke. É sobre esse último, na verdade, que resolvi escrever esse post.

O livro é na verdade uma coletânea de correspondencias que o Grande Poeta teria escrito a um jovem escritor que lhe pedia conselho sobre sua obra e que acaba recebendo de volta uma inestimável cartilha poética sobre como suportar a existência.

Assim que eu comecei a ler a primeira carta entendi tudo. Entendi o "deixa de frescura, menina", entendi a profundidade das angústias do mundo e o porque que palavras não dão conta da dor da alma e fazem com que qualquer sofrimento soe piegas. Entendi porque os poetas são poetas e, inclusive, porque eu não era poeta. :)

Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, esta esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas deste longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre o lusco e fusco diante do qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério, — o único existente.
(trecho da primeira carta)


Lembro que lia e choraaaaava e pensava egocentricamente: meu deus, isso foi pra mim!

Devolvi o livro com uma vontade enorme de ficar pra mim.
Passei todos esses anos procurando esse livro. Não parecia fácil encontrá-lo.
Até que semana passada, numa conexão demorada, solitária e angustiada num aeroporto que só tinha uma livraria aberta eu me deparo com ele num formatinho de bolso, por módicos 8 reais. Pra me salvar novamente. Meu coração chega bateu forte.

Rilke faz a gente enxergar com clareza a beleza da tristeza. E isso é bom. Há a depressão antes de ler Rilke e a depressão depois de ler Rilke.

sábado, 29 de novembro de 2008

Pra todas que tb chegaram nos trinta

Segundo Balzac:

'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer'.

E Mario Prata completa:

'A mulher de 30 ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima. Ela, ao contrário das de 20, nunca ficou. Quando resolve, vai pra valer. Faz sexo como se fosse a última vez. A mulher de 30 morde, grita, sua como ninguém. Não finge. Mata o homem, tenha ele 20 ou 50. E o hálito, então? É fresco. E os pelinhos nas costas, lá pra baixo, que mais parecem pele de pêssego, como diria o Machado se referindo a Helena, que, infelizmente, nunca chegou aos 30?'


...td bem, não precisava tanto... mas a gente aceita, né? ;)

sábado, 22 de novembro de 2008

Növidade

Tem entrevista minha com os rapazes do Növa, banda piauiense highly recommended, no site paraibano Lado Norte.

Dá inclusive pra baixar o bom EP dos caras lá mesmo.

Vai lá agora!

sábado, 15 de novembro de 2008

Planeta Terra e REM em SP

Algumas frases sobre meu breve mergulho no rock:

1) Mallu Magalhães não merece meu respeito
2) Vanguart merece meu respeito, mas tão competentes quanto eles há dezenas em cada região do país
3) Jesus foi lindo mas faltou barulho
4) Spoon foi a grata surpresa da noite pra mim
5) Breeders foi rock duro. Coisa linda! Funcionou muito bem naquele palco coberto.

6) O REM não podia ter deixado de tocar 'accelerate'.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

happy birthday to má



O Arthur, do Daysleepers, teve a ótima idéa de fazer um show em homenagem ao disco mais cult dos Beatles.
Quatro bandas bacanas e uma excelente desculpa pra se divertir muito.
Sorte minha que é meu aniversário.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Por enquanto...

... tem texto meu sobre o Circuito Escolar Maria Scombona no site carioca SambaPunk.

No mais, quem quiser saber de mim nos próximos dias, deixa eu dar duas dicas:

http://br.youtube.com/watch?v=cHWhG0iACFg

http://br.youtube.com/watch?v=xolI1vyQajY

;)

domingo, 26 de outubro de 2008

Inveja dos Daysleepers...

Enquanto a galera do Daysleepers a essa hora deve estar no décimo sono desse domingão bonito, depois do show bacana de ontem à noite, eu to aqui feito um zumbi, - cheguei às 4, acordei às 8 – há três anos ainda me acostumando com essa condição de mãe... ok, mas isso era só pra explicar o título do post.






Daysleepers é uma nova e reveladora promessa da cena indie rock aracajuana.

Passei algum tempo desse sábado acompanhando essa turma. À tarde, durante uma gravação para um programa-piloto, pude conferir a performance dos rapazes em estúdio e um bate-bola bacaníssimo dos meninos com Fabinho Snoozer, também registrado para o piloto (que, se tudo der certo, vai poder ser visto por todo mundo aí muito em breve. Cruzem os dedos!).

Ao que parece a banda tem uma espécie de “mentor intelectual” que é o Arthur (vocal e violão). As composições são todas dele. Menino novo, talento vocal notável, letras (em português) e músicas inteligentes, criativas... ele é desses que passa as madrugadas compondo - daí o nome da banda. Referências a Beatles e Beach Boys mais que explícitas sem que isso pareça um problema.

Tanto na gravação no estúdio, à tarde, quanto no show, à noite, me impressionei com a precisão com que a banda já executa suas novíssimas composições. Ficamos sabendo que eles ensaiam duas vezes por semana. O sonho de todo roqueiro securento.

No show, a segurança dos ensaios se revelou numa performance de palco (palco? Tá, não tem isso no Capitão Cook) segura e envolvente. Tocaram tarde e o publico esperou pra ver, interagir e vibrar.

Aliás, pausa para uma reflexão sobre esse evento de ontem: o Capitão Cook, se não me mudei pra marte, é único lugar que está abrigando, hoje em dia, aqui em Aju, shows de rock de pequeno porte. E tirando por ontem, o publico vem crescendo bastante, caras novas aparecendo... devia ter umas 300 pessoas ali ontem, somando quem ficou dentro e fora do bar. Ainda assim, pra variar, a cerveja tava quente, e a estrutura geral de um dos bares mais antigos desta cidade simplesmente continua absolutamente igualzinha. Isto é: ruim. Não dá pra reclamar de quem fica lá fora tomando cerveja gelada e mais barata mesmo. E simplesmente não existe outro lugar rock nessa cidade!!! Como pode isso???

Voltando...

Agora, a boa mesmo sobre o Daysleepers é o EP que eles acabam de lançar.




Da capinha às músicas, incluindo a qualidade técnica da gravação, há nesse debut um ar de capricho, sofisticação.

De cara, eles já conseguiram começar bem pelo que é mais difícil: encontrar a sonoridade certa numa gravação. De forma caseira e barata, os rapazes alcançaram um resultado final coeso, competente e, acima de tudo, muito inspirado.

São seis canções grudentinhas, melodias fáceis e bonitinhas. Destaque para a preocupação com os arranjos de voz, denunciando as principais influências sessentistas dos garotos.

As cópias prensadas parece que já acabaram. Mas isso não deve mais ser um problema graças à netlabel MusicLand Records – do camarada Jesuíno André, de João Pessoa – que está lançando o EP virtual no portal Lado Norte. (A partir de terça feira) CORRIGINDO: No começo de novembro, tem tudinho pra baixar lá. Já está no ar uma entrevista com o Arthur para o site. Vale a pena conferir. E enquanto não sai o EP por lá, você pode ouvi-los no myspace.

O mundo que acorde cedo pros Daysleepers.

Eu bem que digo que dormir de dia faz bem.

domingo, 19 de outubro de 2008

Não, eu não sou suspeita...

não sou, juro... e isso não é anti-ético.
Esses caras são foda mesmo e essa musica é de vanguarda.
Digo sem medo.

www.myspace.com/sqnjazz
http://www.carlosezequiel.com/
http://www.lupasantiago.com/
http://www.youtube.com/watch?v=X1Jv15pMsuI (tem outros por lá)

tudo bem.. babona eu aceito.

Disco novo na área: "Horizonte artificial".
Não tenho muito vocabulário pra descrever, mas tenho sensibilidade (e bom-senso) pra recomendar.
Espero ter alguma credibilidade ;)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

E Aracaju, hein?

FESTIVAL MUNDO - João Pessoa (PB)

17 de outubro

Macaco Bong (MT)
Cabaret (RJ)
Calistoga (RN)
Sem Horas (PB)
Camarones Orquesta Guitarrística (RN)
Outona (PB)

18 de outubro

Cabruêra (PB)
Burro Morto (PB)
Sweet Fanny Adams (PE)
O Garfo (CE)
Nublado (PB)
Elmo (PB)
Cerva Grátis (PB)

FESTIVAL AUMENTA QUE É ROCK - João Pessoa (PB)

31 de Outubro

Forgotten Boys (SP)
Sem Horas (PB)
Black Drawing Chalks (GO)
AMP (PE)
Venus Volts (SP)
Hijack (PB)
Malaquias em Perigo (PB)
Cerva Grátis (PB)

01 de Novembro

Mukeka di Rato (ES)
Letal (PB)
Torture Squad (SP)
Soturnus (PB)
Rótulo (SE)
Notforsale (CE)
Thyresis (PB)
Mobiê (PB)


FESTIVAL DO SOL - Natal (RN)

01 de Novembro

The Donnas (EUA)
Black Drawing Chalks (GO)
Forgotten Boys (SP)
AMP (PE)
MQN (GO)
Terminal Guadalupe (PR)
The Sinks (RN)
Barbiekill (RN)
Camarones Orquestra Guitarrística (RN)
Star 61 (PB)
Rosa de Pedra (RN)
Lunares (RN)
Fewell (RN)
Rock Rovers (RN)

02 de novembro

Mukeka Di Rato(ES)
Catärro (RN)
Torture Squad (SP)
Venus Volts (SP)
Expose Your Hate (RN)
River Raid (PE)
Calistoga (RN)
Distro (RN)
Brand New Hate (RN)
Plastic Noir (CE)
AK-47 (RN)
Gandhi (RN)

12 de Novembro

Elma (SP)
Debate(SP)

13 de Novembro

O Garfo (CE)
Os Poetas Elétricos (RN)
Edu Gomez (RN)


GOIANIA NOISE FESTIVAL

SEXTA FEIRA 21/11

Marcelo Camelo + Hurtmold (RJ)
Black Lips (USA)
Vaselines (Escócia)
Lucy And The Popsonics (DF)
Frank Jorge (RS)
Motherfish (GO)
Canastra (RJ)
Continental Combo (SP)
Calumet-Hecla (USA)
The Backbiters (GO)
Mickey Junkies (SP)
Holger (São Paulo)
Diego de Moraes e o Sindicato (GO)
Demosonic (GO)
Gloom (GO)

SÁBADO 22/11

Instituto (SP)
The Flaming Sideburns (Finlandia)
Black Mountain (Canada)
Black Melkon (Inglaterra)
Cabruêra (PB)
MQN (GO)
The Dead Rocks (SP)
Gangrena Gasosa (RJ)
Os Ambervisions (SC)
Black Drawing Chalks (GO)
Guizado (SP)
Amp (PE)
Mugo (GO)
Mersault e Maquina de Escrever (GO)
Cicuta (GO)

DOMINGO 23/11

Helmet (USA)
Inocentes (SP)
Periferia SA (SP)
Claustrofobia (SP)
The Tormentos (ARG)
Loop B (SP)
Mechanics (GO)
The Ganjas (Chile)
Bang Bang Babies (GO)
Motek (Bélgica)
Hillbilly Rawhide (PR)
Heaven's Guardian (GO)
Goldfish Memories (GO)
Figado Killer (GO)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Things to remember forever

Pra mim uma tatuagem tem que ser algo que você realmente não queira esquecer... que tenha um significado interessante, especial, só pra você. Não dá pra ser qualquer coisa bonitinha não.

Eu só tenho duas (até agora, hehe). A segunda eu acabei de fazer. Mas não é exatamente sobre minha tatuagem esse post. Mas o que ela representa e o impacto que isso teve em mim.

Os desavisados quando olham vêm logo uma borboleta. Os mais espertinhos chegam a lembrar que é uma imagem usada em testes psicológicos: as pranchas de Rorschard.

A-há! Mas quem sabe das coisas sabe que esse nome aí é o de um personagem da bíblia das Graphic Novels: Watchmen. E essa é a capa de uma das doze edições, a de número seis.



Voltou-se a falar de Watchmen agora porque ta na capa da SET (quatro capas diferentes, alias. Adivinha a que eu tenho?). Sim, porque depois de tantos anos de especulação parece que a adaptação pro cinema finalmente vai sair (já tá terminada, tem data de lançamento, mas ainda há briga na justiça). O site ficou ótimo. Mas também não é do filme esse post.

Quando eu li Watchmen eu simplesmente enlouqueci. De verdade.

Voltando um pouco... Minha introdução aos quadrinhos começou com uma professora de estética que tive na universidade que nos mandou ler Orquídea Negra. Fizemos um trabalho, tiramos dez. E eu fiquei querendo mais. Conheci o Fabinho nessa época. Nada podia ser mais perfeito. Ele, colecionador doente, tinha tudo que eu precisava pra me iniciar nesse mundo sem volta. Me emprestou Sandman, O Cavaleiro das Trevas, Monstro do Pântano... e, em algum momento, cheguei a Watchmen.

A essa altura eu já estava com minha monografia de conclusão de curso bastante adiantada. Estava pesquisando sobre intertextualidade no cinema (nesses meus autismos acadêmicos que me perseguem até hoje) e eu cheguei a cometer a insanidade de propor a meu orientador abandonar radicalmente meu objeto de estudo para pesquisar sobre Watchmen! Claro que ele não aceitou.

Mas Watchmen nunca saiu de mim. Aquele emaranhado de tramas dentro da trama, dramas de heróis angustiados (meu deus, que conforto!) e a redenção de descobrir grandiosidade numa expressão artística ainda sem a legitimidade de Grande Arte me pegaram de cheio!

A fábula marítima lida por um personagem anpassant que vez por outra nos remete para uma metáfora não só da própria narrativa da HQ como também desse nosso mundo do lado de cá. Cada vez que eu penso que aquilo foi escrito na década de oitenta eu tomo outro susto, tamanha é a atemporalidade dessa obra.

Os anexos ao final de cada edição com clippings (fictícios, claro) de jornais da época, diários dos personagens, arquivos de investigação da polícia, tudo profundamente necessário praquele efeito de extrema verossimilhança que assola o leitor.

De repente, me peguei numa fase querendo mudar, deve ser essa tal da crise dos trinta... e foi tão natural pensar em Watchmen.

Não tem como eu não querer lembrar disso pra sempre.

Pra quem nunca leu, dá pra baixar tudinho aqui.

domingo, 28 de setembro de 2008

Quem tá no rock é pra se f...

Foi massa ontem, hein?!
E tinha quase tudo pra ser um desastre... quem viu a passagem de som sabe do que eu to falando. Quer dizer, e aquilo é som?! E aquilo é palco??!! Mas enfim, quem tá no rock...

Vou esperar Alvaro Muller me mandar o registro do mico pra publicar aqui.

Enquanto isso, dá um saque naquele post ali embaixo que o Cabelo enviou o filme completinho pra gente.

sábado, 20 de setembro de 2008

Diversão garantida

(Próximo sábado) Hoje a Snooze toca na Excalibur, numa dessas prévias da festa Heatmus 80.
Repertoriozinho caprichado só com crássicos da década cafona.
E eu vou cantar, hein? Pixies e B52's (!!)
Fui no ensaio com os meninos e já bateu aquela sensação de diversão garantida!
Seguem algumas pérolas do set list. Os "entendidos" vão concordar comigo:

Beds are burning - Midnight Oil
Just Like Heaven - The Cure
She bangs the drums - Stone Roses
Killing Moon - Echo and the Bunnymen
Pump it up - Elvis Costello
The KKK took my babe away - Ramones
Psycho Killer - Talking Heads
Head on - Jesus and Mary Chain
Here comes your man - Pixies

...e eu to esquecendo muita coisa.

ah, e um videozinho raro da firula que eu vou fazer:

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Quebrando paradigmas

Quem diria, eu, Maíra Ezequiel, totalmente imersa em duas coisas que eu sempre disse que não iriam acontecer:

- trabalhando numa campanha política

- virando nerd de internet

A segunda é consequencia da primeira. To cuidando do site de um candidato. 12 horas na frente de um computador, de domingo a domingo, é um caminho sem volta.

Pareço pinto no lixo: youtube, myspace, msn, yahoogroups, orkut... tudo ao mesmo tempo... e olhe que perto dos meus webkids (nome carinhoso que a equipe da campanha deu aos meninos que trabalham comigo no site) eu não passo daquela tiazinha no básico 1.

E que abismo incrível separa quem tem de quem não tem acesso a esse infinito 2.0, hein?!!

Em relação a campanha, tudo mais novo ainda pra mim. Confesso que achei que ia ser muito mais difícil do que está sendo. Não pelo volume de trabalho, mas pelo tipo de trabalho que teria de fazer. Não vou usar meu blog para posicionamentos políticos (opção minha), mas basta dizer que tenho vivido um sentimento muito forte de prestação de um serviço à sociedade. Coisa que nenhum trabalho como jornalista jamais conseguiu me dar. Sem demagogias.

A verdade é que com tudo isso, e já chegando nos trinta, uma revolução se instalou na minha cabeça.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A realidade insiste!

Eu vejo futuro no audiovisual sergipano e respiro aliviada cada vez que me deparo com uma nova produção de Alessandro Cabelo, compositor e realizador totalmente vanguardista e, não à tôa, marginal, o qual eu tive o privilégio de ser orientadora em seu trabalho de conclusão de curso cujo resultado - o curta Desconforto - arrancou rasgados elogios da banca examinadora. (Aqui tem um teaser.)
OPA! AGORA TEMOS O FILME COMPLETINHO!!



Seu novo trabalho é o videoclipe que ele fez - de livre e espontanea vontade, é bom frisar - para a música Sua casa é o seu paletó, da banda sessentista/psicodélica sergipana Plastico Lunar.

Um belo exemplo do que se pode fazer com criatividade, boas referencias e domínio da montagem. As imagens que se intercalam aos registros de shows da banda são do filme Vampyr, do dinamarques Carl Dreyer, exemplo máximo da estética expressionista nos primórdios do cinema, década de 20.



Com esse clipe, penso eu, Cabelo dá o exemplo pra muita gente (bandas e realizadores, principalmente) do que se pode fazer sem precisar de superprodutores, superorçamentos e sem ficar choramingando pela falta de apoio de governo, prefeitura, empresários... Até porque nada disso adianta pra quem não tem talento.
Como dizia uma professora minha: A realidade insiste!

De quebra, confira mais uma experimentação eletrônica do Cabelo. LUX!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A vida dá voltas

Coisa incrível isso...

um dia você pede demissão, no outro você feliz da vida viaja pra outra cidade pra discotecar numa festa rock, no outro volta jurando que ninguém gostou mas nem aí porque pra vc foi massa, no mesmo você recebe um telefonema com uma oferta de trabalho desafiadora, hesita, mas aceita, pouco depois você já não tem tempo nem pra respirar, sua rotina deu uma reviravolta, você conhece um monte de gente nova e reencontra outras pessoas bacanas, e está feliz com isso, dois dias depois entra em crise porque abandonou a família, mais adiante descobre que pelo menos um doido gostou de uma das músicas que você botou naquela festa, no dia seguinte percebe que não deu conta de um compromisso importante, e quando pergunta a alguém do lado o mês não chegou nem na metade.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Eu, DJ.




Ansiedade pura... tanto tempo que eu não assumo as pick-ups... e logo na festa rock mais famosa do Brasil!!



...rock'n'roll saved my soul again...

terça-feira, 29 de julho de 2008

Num instante o temple pilots...

Há exatos DOZE ANOS eu disse:

"Oi. Você é o cara da Snooze, né?"

sábado, 19 de julho de 2008

Faltou a lupa!

'Dois séculos de artes visuais em Sergipe' foi o nome dado a um caderninho horroroso, com uma capa desconcertante de tão feia, uma pesquisa questionável dadas algumas ausencias intrigantes no que deveria ser uma compilação audaciosa como anuncia o título.

O pior é ter na contra-capa estampando apoio de todas as esferas, municipal, estadual e federal, incluindo Petrobrás, o que normalmente significa muito dinheiro e em geral um grau de critério rigorosíssimo na aprovação de projetos dessa natureza.

No mínimo estranho, dado o rigor que se sabe existir não só com os patrocinadores envolvidos como também entre muitas pessoas desta gestão de cultura.

E, o mais incrível de tudo isso: um dicionário de ARTES VISUAIS em... PRETO E BRANCO???!!! E com o que mais interessa, as obras, em reproduções microscópicas??? Putz, faltou a lupa!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Wado / Maceió - 05 de julho - Orákulo

Dessa vez que fui a Maceió, minha terra natal, finalmente dei sorte de pegar um show do Wado. O último que vi foi em Sampa, quando eu ainda morava lá e ele, no Rio. Nada nem perto do que presenciei nesse último sábado no Orákulo. Apesar da chuva torrencial que caía na cidade a casa, uma das poucas que ainda resiste à decadencia da vida noturna do Jaraguá, estava lotadassa. Gente de todos os estilos e todas as idades. Além do Wado só haveria mais um show de uma guitar band (super)iniciante chamada Superamarelo e a discotecagem do Fernando Coelho (vulgo Coelho Jones, jornalista das antigas).

Pra se ter uma noção, perdi as quatro primeiras musicas do show porque tava na fila pra comprar as fichas para a cerveja. Isso para a cena de Maceió significa muito. Não, eu não estou subestimando o Wado. É empolgante ver que lá ele mantém forte o reconhecimento que saiu buscando Brasil afora. (E, em alguma medida, conseguiu.)

E não tinha ninguém só marcando presença não. A cada musica o coro aumentava (a maioria voz de mulher, é verdade! Minha xará deve ter um trabaaalho!). Quando o próprio Wado esqueceu a letra, a galera tava lá pra segurar a onda. A noite teve um clima mais especial ainda quando ele falou no microfone que era aniversário dele.

Esse climão foi apoiado por uma banda super profissa, como o Wado sempre fez questão de ter, dos quais eu só reconheci o batera - Peixinho, guerreiro do rock e do surf de longas datas na cena maceioense. No line-up tinha ainda percussão, teclado e synth, baixo e o Wado se arriscando numa bela jazz master de vez em quando. Capricho no cenário também, assinado pela arquiteta Nicole, figura que eu lembro da época de universidade.

No repertório, todas as melhores desde o primeiro disco. Novos arranjos para velhos hits. Aliás percebo isso em cada show do Wado, dos que pude ir. Ele consegue se revisitar o tempo inteiro com uma criatividade impressionante e uma capacidade de se adequar à situação do show, da banda, do público. Destaco a sempre revisitada 'Feto', que eu vi nascer na ingenuidade da extinta Ball e, bem como uma criança, cresce assustadoramente sob a tutela do talento criativo do Wado.

E muitas musicas novas também. Algumas não muito empolgantes como o funk (ô coisa chata!) sobre a guerra do Bush, um assuntinho já tão sem graça. (Os rapazes da platéia devem ter adorado as garotinhas balançando a bunda, inclusive com direito a bis!). Teve uma outra popzona que também não me comprou de jeito nenhum, dessa linha eletrodisco que ele adotou. Mas tem a ótima balada 'Fortalece aí' , que a gente passa uma semana cantando. O Wado tem sua discografia completa toda pra baixar aí http://www2.uol.com.br/wado/

Enfim, foi uma bela noite. Trocamos uma idéia rápida por lá - mas o assédio tava foda! - tentamos nos encontrar no outro dia, mas não deu certo e aí resolvi escrever pro blog.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Ignorancia devia doer

Ignorancia rima com arrogancia...

* Interromper a apresentação dos bacamarteiros de carmópolis porque achou que era um perigo para os filhos que estavam ali e usar de seu pretenso "poder" como Procurador de Justiça... e ainda conseguir convencer nossa despreparada polícia que também não sabe que aqueles tiros tem tão pouco alcance que sequer chegam ao chão, isso sim devia ser motivo de prisão. Devia ter uma lei que mandasse um turista desse de volta pra casa.

* Achar que só a polícia sergipana é truculenta e escrever no blog um texto com o maleducadíssimo título "brutalidade sergipana" quando você vem aqui trabalhar e está sendo super bem tratado é indelicado, reducionista e muuuiiiito suspeito pra quem é de são paulo, não é não?

* Reclamar que teve que escrever um texto sobre as festas de são joão do nordeste às pressas e sem saber muito, quando a gente está aqui vivendo isso todos os dias de nossa vida e estamos todos a postos pra ajudar é no mínimo engraçado né? E o sudeste mantém a tradição de achar que sabe de tudo mesmo quando assume que não sabe... eita lelê!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Meu apocalipse individual

Quem vê realmente não diz o quanto é difícil fazer televisão.
Fácil é falar como é que as coisas deviam ser feitas, mas vai tu lá fazer.
Tem a eterna guerra do conteúdo com a técnica. Pra concretizar uma idéia simples, com o mínimo de qualidade técnica e estética, às vezes é preciso mobilizar uma estrutura monumental nem sempre disponível. E quando se tem a estrutura ainda fica-se refém da habilidade, do comprometimento e da boa-vontade de todas as pessoas envolvidas. Dezenas, muitas vezes - isso para fazer uma entrevista que vai durar dois, três minutos (no máximo!) no ar.
A angustia é que nada, absolutamente nada, em televisão dá pra fazer sozinho. Aqui no meu blog eu penso, escrevo, ponho no ar, modifico, ponho foto.... tudo só eu! Ando realizada com isso!! Em televisão não. Pra botar qualquer texto no ar, mesmo sem imagem, eu vou envolver aí, no mínimo umas cinco pessoas. Com imagem isso sobe pra umas sete. É a mais completa e enlouquecedora dependencia do mundo.
Agora pensa o que isso significa quando você está comprometido com o propósito de tentar modificar todo um conceito de conteúdo, de estética, de entendimento sobre o próprio papel de uma televisão pública. Num cotidiano que envolve pessoas das mais variadas origens, personalidades, com os gostos mais diversificados possíveis, referencias que vão do metal ao calypso a dois passos de distancia. Inclue aí uma situação de extrema precariedade de recursos materiais, técnicos e humanos. Incluiu?
Agora tenta se imaginar nesse contexto fazendo 18 dias de transmissão ao vivo (das dez da noite às três da manhã) dos festejos juninos que aqui em Sergipe tem uma dimensão próxima de carnaval da Bahia.
Imaginou?
Sou eu.
Este mês.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Rock Sertão / N.S. da Glória – 24 e 25 de maio

Há uma semana da abertura oficial dos famigerados festejos juninos de Sergipe, só mesmo uma Glória, bem no meio do sertão, pra me dar esse já raro privilégio de participar de um festival de rock. E ainda mais de graça.
Pra quem quase não ia, o resultado pra mim acabou sendo bem mais que proveitoso. Me rebolei, mas consegui articular pra que a TV (Aperipe, onde trabalho) estivesse presente nos dois dias do evento. Na sexta, mandei cinegrafista e consegui quem fizesse as sonoras pra mim. No sábado consegui uma carona de ida com o brother Adelvan, encontrei a equipe por lá, e voltei na van da Snooze/Maria Scombona. 4 horas de viagem ida e volta, com metade só de buraqueira, chegando em casa as 6 da matina e com a filhota acordando às 8... (jornalista, mãe e roqueira é uma combinação complicaaaada!). O esforço rendeu uma matéria bacana que foi ao ar em nosso telejornal desta segunda. Espero com isso ter dado minha parcela de contribuição tanto para o evento quanto para as bandas, já que fomos o unico veículo de imprensa presente por lá. (A matéria vai rolar no programa Alto Falante, da Rede Minas, no proximo sábado, dia 07, meio dia, na TV Brasil. Depois disso eu ponho na net).
O que presenciei por lá valeu a pena a jornada. Um festival super democrático, praça cheia, de metaleiros, dondocas, quarentões, famílias completas, doidões e caretas... todo mundo igualmente empolgado com os shows de um jeito que faz tempo não vejo aqui em Aracaju. Aliás, como bem disse Rafael Jr, Aracaju não tem mais um festival como esse. Ponto pra eles. O povo de Glória dança e aplaude as bandas, mesmo as que não conhece. Mais um ponto. Aqui em Aracaju a galera nem entra no evento. Prefere ficar na porta.
Essa foi a sexta edição do Rock Sertão. Só isso já é um grande mérito, com certeza. Foi a primeira que contou com o patrocínio do governo do Estado que deu estrutura bacana (de som, palco e luz profissa- o que é sempre muito bom) e bancou uma atração “de renome”, como a galera gosta de dizer.
Pois num é que foi aí que o negócio melou? O tal do Zé Cabelereiro parece que só veio pra atrapalhar. Aquela coisa: produção no palco estressada com o horário, apressando as bandas porque a estrela tinha que tocar na hora x. Aí, adivinha. Alguém ia sair pra Cristo. Nêgo tira a Maria Scombona (parceira do evento, há três anos tocando de graça, e esse ano tocando por migalha) porque o Cabaleiro precisava do palco livre uma hora antes de tocar. Só que a buraqueira não perdoou e furou dois pneus da comitiva oficial que trazia a estrela, e o evento que ia num ritmo bom, com uma banda atrás da outra e publico empolgado, ficou lá com um buraco de quase duas horas sem nada acontecendo, publico mofando, banda com cara de tacho, e o efeito cascata que inevitavelmente aconteceria mais tarde com todas as outras bandas que ainda esperavam pra tocar “na brodagem”. Uma lástima.
Resultado: o cara vem de fora, arranca o cachê de 40 mil paus do governo, não faz nenhuma diferença pro festival – pois quem esteve presente nos outros anos afirma que o publico foi exatamente o mesmo – e ainda envenena a relação da organização com as bandas que foram as que ergueram o nome do festival, topando tocar de graça, acreditando no conceito, e que numa hora dessas são preteridas sem dó nem piedade porque todos tem que dizer amém à estrela que amanhã não vai nem lembrar o nome da cidade que tocou.
Mas, antes de eu terminar esse texto preciso dizer que os meninos que produzem o Rock Sertão são muito legais, tem todo o mérito do mundo por encarar essa parada e se esforçaram o tempo inteiro para manter o respeito no relacionamento com as bandas mesmo na hora que o clima esquentou. Os caras jogam limpo. E isso aqui não é um texto de acusação, ok?
Agora, francamente: até quando vai se manter essa cultura do tratamento bizarramente diferenciado entre os “locais” e as estrelas (porra, até nos camarins a diferença é brutal!)? E até onde realmente vale a pena acreditar que um evento só se eleva quando se agrega um nome de fora a ele?
Deixo aberto o questionamento.
Vida longa ao Rock Sertão!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Once



Assistimos a esse filme completamente por acaso esse fim de semana. (Começa um dvd que tinha um monte de filme e aí o Fabinho diz: Eita, aquele filme do Oscar! Eu, como sempre: Qual?)
Lindamente fotografado, construído sob uma narrativa que escapa com elegância de todos os clichês à espreita, e ainda assim um filme leve, sutil, romântico.
As canções são tema e personagem. Pontuam as histórias individuais dos protagonistas, mas são, acima de tudo, os elementos com maior carga significativa do roteiro.
O fato de ser irlandês ajuda nesse ar de singularidade que o filme tem, revelando o visual de uma Europa ainda pouco explorada pelo cinematografia mundial.
O ator principal tem uma banda com o diretor do filme e é o compositor das belas canções que mesclam um clima folk com um pop pós-moderno, com traços de Coldplay, Radiohead e Belle&Sebastian. Aliás, todo o elenco é de músicos estreando como atores, o que deve explicar a sensação intensa de verdade neste filme onde é a música quem nos diz tudo.
Uma bela surpresa pro meu fim de semana.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sobre jornalismo cultural

Duas situações recentes me fizeram pensar que esse era um bom tema para inaugurar meu blog.
Uma delas é a polemica coluna, criada recentemente em um semanário local, assinada por um estudante de jornalismo que se dedica a massacrar obras musicais de artistas sergipanos, sem muita preocupação aparente com os contextos em que os referidos trabalhos tenham sido lançados.
Outra é um debate que está rolando em uma lista de discussão sobre musica independente que começou com um texto da folha que mete o pau nos ditos "festivais independentes" brasileiros. A discussão descambou para o comportamento de jornalistas que, (segundo o argumneto de alguns) endossados por seus chefes de redação, hoje em dia adoram fazer acusações sem citar nomes... isso porque alguém saiu com uma frase do tipo "bandas indies péssimas, produtores broders, etc".
Só sei que é complicada essa equação. Se a gente fala bem é porque é amigo. Se fala mal é porque é recalcado. Se não fala nada é omisso.
Eu, quando tive uma oportunidade rara de editar um caderno de cultura - numa passagem meteórica por um semanário que quase ninguém soube da existencia e que eu fechava oito páginas sozinha, coisas do jornalismo sergipano - tinha a seguinte premissa: tinha tanta coisa bacana no estado que a imprensa ainda não tinha se dedicado, que era uma perda de tempo me prestar a escrever longos parágrafos metendo o pau em alguém. Simplesmente isso. Achei ruim, ignoro. Achei bom, pauto e tento explicar porque.
É claro que haveria armadilhas. Minha própria estréia nesse semanário foi com o Mechanics(banda indie de Goiania) na capa. Enorme. Ninguém na redação tinha a menor idéia de quem se tratava. Meu texto era pra lá de parcial. Eu era produtora do show que trazia eles a Aracaju.
Ah, mas e daí? Fui ler de novo o texto e acho que o que escrevi não seria muito diferente naquele momento da minha vida (isso foi há uns cinco anos) mesmo s enão fosse produtora do evento. Todo mundo já aprendeu na universidade que a imparcialidade e a objetividade são intangíveis. Claro que isso não quer dizer que a gente já tenha que se conformar e sair por aí tomando partido de tudo. Bom senso está sempre na ordem do dia.
Pode me chamar do que for, mas na minha mais humilde opinião o papel de um jornalismo cultural decente, ou melhor, de uma crítica especializada, cada uma em sua respectiva área, seria o de servir como catalisador de informações sobre a produção artística local. Porque, antes de mais nada, o povo precisa saber que esses artistas existem e fazem o que fazem.
Claro, questões polêmicas não podem ser omitidas. Mas elas podem inclusive ser discutidas em espaços mais amplos do jornalismo, leia-se outras editorias. Crítica é crítica, é pra falar de arte.
E até onde eu posso perceber isso ainda não se faz por aqui.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

pra dar vazão à angustia

...foi essa a motivação inicial.
demorou, mas saiu.
vamos ver qt tempo dura.