quarta-feira, 19 de maio de 2010

I Seminário Mídias Digitais e Transformação Social: um novo paradigma para a comunicação

Entrevista com Claudio Manoel para o hotsite do Seminário.
O orgulho é todo meu.


Além das palestras, o I Seminário Mídias Digitais e Transformação Social irá contar com um espaço de formação para gestores de comunicação do Governo de Sergipe. Mesmo com reuniões semanais sobre o tema, através de um grupo de Web composto por membros do governo, a gestão estadual percebe a importância da qualificação dos seus assessores. Por isso, convidou o mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA e professor Cláudio Manoel Duarte para ministrar um workshop aos gestores, entitulado 'As peculiaridades da comunicação governamental nas redes sociais'.


Com foco na discussão da democracia e participação popular, o workshop acontece na tarde da sexta-feira, dia 28 de maio, e irá discutir e fomentar o debate acerca da nova forma de fazer a comunicação entre o governo e a população.  O protagonismo da sociedade civil, possível com a chegada de novas tecnologias e com as redes sociais,  na produção e recepção de informação vem forjando uma nova relação entre o estado e as pessoas. Este momento, onde a interação é pouco ou nada mediada pelos grandes meios de comunicação, deve ser encarado, pelos profissionais da área,  com ousadia, e portanto, a premissa é inovar!

Veja a entrevista do pesquisador Cláudio Manoel Duarte, feita pela equipe do blog e-Sergipe. Ele comenta a experiência de montar o Núcleo de Cultura Digital (NCD) da Secretaria de Estado da Comunicação Social (Secom) do Governo de Sergipe além de situar as redes sociais no atual panôrama do trabalho em comunicação pública e na perspectiva da democratização da informação.

NCD - De que forma você acha que as mídias digitais têm ampliado as possibilidades da comunicação governamental?
CLÁUDIO MANOEL DUARTE - Creio que essas mídas trouxeram, tecnicamente, três enormes possibilidades. A primeira diz repeito à autonomia de produção de conteúdos, advinda de uma das leis da cibercultra que é a liberação do polo de emisão. A comunicação governamental, assim como outras comunicações institucionais ou não, não precisam mais passar pelo crivo da mídia tradicional. A segunda possibilidade é a real condição de interlocução com o público, através dos recursos de interatividade. Esse é um elemento fundamental e que sua subutilização ou não uso implica estar fazendo comunicação errada na web e nas redes digitais em geral. Só usam integralmente esses suportes se esse recurso – interatividade – ganha corpo no processo de comunicação. A terceira possibilidade que destaco é a atualizaçao contínua das informações. Um recurso de extrema importância que essas ferramentas trazem para colocar a sua audiência efetivamente atualizada. Não usar a atualização – pelo contrário – coloca essa mídia/suporte no descrédito como canal de informação, ao ponto de perder audiência, inclusive com dificuldade de ser recuperada.

NCD- De que forma você enxerga o futuro da comunicação governamental nas mídias digitais? As atuais ferramentas existentes tendem a se modernizar ainda mais ou devem surgir novas ferramentas, com ainda mais possibilidades?

CLÁUDIO MANOEL DUARTE - É preciso entender que qualquer nova ferramenta de comunicação que surja – dentro ou fora das redes digitais – são instrumentos de complementariedade da comunicação e podem funcionar ou não, a depender da circunstância, tema ou target de público. A saída não é necessariamente somente essas mídias digitais. O trabalho com as chamadas mídias tradicionais devem permanecer igualmente como complementariedade. Quantos mais canais eficazes de comunicação melhor. Sim, as ferramentas digitais são alteráveis, permanentemente, e é por isso que teremos que conviver com suas novas versões (1.0, 1.2, 1.3 etc) trazendo novos recursos, fruto de um movimento interno e silencioso do desejo coletivo nessas redes, que motivam os programadores. A sobrevivencia da eficácia dessas ferramentas tem a ver diretamente com suas novas versões: ferramentas digitais só envelhecem quando elas são abatidas por novas ferramentas que apontam saídas melhores.

NCD - Como foi a experiência de criação do Núcleo de Cultura Digital da Secretaria de Estado da Comunicação Social (Secom-SE)?
CLÁUDIO MANOEL DUARTE - Sem dúvida foi uma das experiências mais bacanas em minha vida profissional. Por uma série de motivos: Maira Ezequial tinha sido minha aluna em Alagoas e nos reencontramos trabalhando juntos, profissionalmente, num mesmo projeto, anos depois. É para sentir orgulho, não? Até porque já sabia e conhecia o seu olhari nteligente e sensível para as coisas do mundo e ese projeto, desafiador, era uma oportunidade de verdade. Depois, e por conta disso, esse é um projeto pioneiro no país, nessa área governamental, com criação de núcleo específico e aberto totalmente à experimentação. E isso não é pouco: ter um olhar de que essa atividade deva existir e dar o tempo a ela necessário para ser experimentada é entender que é possivel sim aprender fazendo para apontar caminho de melhora das coisas que às vezes nos parece distante. Uma outra coisa que me chamou a atenção foi a importancia e cordialidade que recebemos por parte de Cauê, que convocou toda a equipe de comunicaçao para ouvir sobre o projeto e deu, ao mesmo tempo, liberdade de produção do primeiro exemplo. Lembro que elaboramos, eu e Maira, na mesma tarde um projeto simples mas que dava conta das idéias de uso dessas mídias pós-massivas sem grande alarde e entendendo que estávamos complementando o trabalho já existente do governo na area de comunicação tradicional.

NCD - O que o NCD tem de peculiar e porque é importante a existência de um núcleo como esse dentro de uma estrutura de comunicação governamental?
CLÁUDIO MANOEL DUARTE - A comunicação é integrada já há muito tempo. Não tem sentido pensar apenas a assessoria de imprensa. A comunicação está também nas relações públicas, em ações de marketing, de publicidade e propaganda, além do jornalismo. Igualmente vale para suportes: impressos em geral, televisão, rádio e mídias digitais. Por outro lado, é preciso entender que os suportes digitais tem muitas especificidades e é preciso uma equipe focada nisso, desde jornalista e publictários a programadores de plataformas. É um complexo multiplataforma e, além do trabaho de produção de conteúdos, exige outros níveis de conhecimento. É preciso equipe especializada. Senão o trabalho fica, digamos, amador no sentido de inacabado e impreciso, já que seria feito sem um olhar efetivamente dedicado.

Cláudio Manuel é Professor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano - UFRB, Mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA, fundador e dj do grupo de música eletrônica Pragatecno, sub-editor da publicação 404nOtF0und, membro do coletivo de artistas digitais e-letroINvasores, moderador da comunidade virtual PragatecnoBrasil e produtor cultural. Conheça mais dele no seu Multiply, no site do PragaTecno e no seu Twitter.

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