(Re)Descobri entre meus livros o do Tarkovski, 'Esculpir o tempo'. Infelizmente tarde demais para usá-lo pro tal concurso que me atormentava. Talvez nem fizesse diferença.
Mas, algumas páginas adiante, e lá estava algo definitivo:
"A idéia do infinito não pode ser expressada por palavras ou mesmo descrita, mas pode ser apreendida através da arte que torna o infinito tangível".
O infinito tangível... sempre achei interessante o paradoxo de serem as ciências "exatas" que considerassem com tranquilidade a existência de um universo "infinito".
Tão inexato isso.
E pra piorar minha vida (ou a deles), só as artes conseguem dar a dimensão tangível dessa concepção.
Nesse texto, Tarkovski está tentando explicar o que ele entende que seja a função da arte.
E logo no terceiro parágrafo já está lá, pra me fazer sentir menos sozinha neste mundo:
"De qualquer modo, fica perfeitamente claro que o objetivo de toda arte (...) é explicar ao próprio artista, e aos que o cercam, para que vive o homem e qual o significado de sua existência."
Catarse.
Começou a passar um clipe na minha cabeça com tudo que já pode ter me ajudado a entender minha existência nesse mundo. Aff, difícil.
Não é taaanta coisa assim. Mas tem um bocadinho.
Os filmes do Bergman e do Antonioni, por exemplo, sempre parecem caber em mim feito um espírito que incorpora.
Digo o mesmo pra PJ Harvey. A música e a voz dela me tocam profundamente.
Resolvi deixar aí de presente o clipe novo dela, do disco mais recente em parceria com John Parish. Não consigo parar de ouvir.
My love is black hearted.