segunda-feira, 26 de maio de 2008

Rock Sertão / N.S. da Glória – 24 e 25 de maio

Há uma semana da abertura oficial dos famigerados festejos juninos de Sergipe, só mesmo uma Glória, bem no meio do sertão, pra me dar esse já raro privilégio de participar de um festival de rock. E ainda mais de graça.
Pra quem quase não ia, o resultado pra mim acabou sendo bem mais que proveitoso. Me rebolei, mas consegui articular pra que a TV (Aperipe, onde trabalho) estivesse presente nos dois dias do evento. Na sexta, mandei cinegrafista e consegui quem fizesse as sonoras pra mim. No sábado consegui uma carona de ida com o brother Adelvan, encontrei a equipe por lá, e voltei na van da Snooze/Maria Scombona. 4 horas de viagem ida e volta, com metade só de buraqueira, chegando em casa as 6 da matina e com a filhota acordando às 8... (jornalista, mãe e roqueira é uma combinação complicaaaada!). O esforço rendeu uma matéria bacana que foi ao ar em nosso telejornal desta segunda. Espero com isso ter dado minha parcela de contribuição tanto para o evento quanto para as bandas, já que fomos o unico veículo de imprensa presente por lá. (A matéria vai rolar no programa Alto Falante, da Rede Minas, no proximo sábado, dia 07, meio dia, na TV Brasil. Depois disso eu ponho na net).
O que presenciei por lá valeu a pena a jornada. Um festival super democrático, praça cheia, de metaleiros, dondocas, quarentões, famílias completas, doidões e caretas... todo mundo igualmente empolgado com os shows de um jeito que faz tempo não vejo aqui em Aracaju. Aliás, como bem disse Rafael Jr, Aracaju não tem mais um festival como esse. Ponto pra eles. O povo de Glória dança e aplaude as bandas, mesmo as que não conhece. Mais um ponto. Aqui em Aracaju a galera nem entra no evento. Prefere ficar na porta.
Essa foi a sexta edição do Rock Sertão. Só isso já é um grande mérito, com certeza. Foi a primeira que contou com o patrocínio do governo do Estado que deu estrutura bacana (de som, palco e luz profissa- o que é sempre muito bom) e bancou uma atração “de renome”, como a galera gosta de dizer.
Pois num é que foi aí que o negócio melou? O tal do Zé Cabelereiro parece que só veio pra atrapalhar. Aquela coisa: produção no palco estressada com o horário, apressando as bandas porque a estrela tinha que tocar na hora x. Aí, adivinha. Alguém ia sair pra Cristo. Nêgo tira a Maria Scombona (parceira do evento, há três anos tocando de graça, e esse ano tocando por migalha) porque o Cabaleiro precisava do palco livre uma hora antes de tocar. Só que a buraqueira não perdoou e furou dois pneus da comitiva oficial que trazia a estrela, e o evento que ia num ritmo bom, com uma banda atrás da outra e publico empolgado, ficou lá com um buraco de quase duas horas sem nada acontecendo, publico mofando, banda com cara de tacho, e o efeito cascata que inevitavelmente aconteceria mais tarde com todas as outras bandas que ainda esperavam pra tocar “na brodagem”. Uma lástima.
Resultado: o cara vem de fora, arranca o cachê de 40 mil paus do governo, não faz nenhuma diferença pro festival – pois quem esteve presente nos outros anos afirma que o publico foi exatamente o mesmo – e ainda envenena a relação da organização com as bandas que foram as que ergueram o nome do festival, topando tocar de graça, acreditando no conceito, e que numa hora dessas são preteridas sem dó nem piedade porque todos tem que dizer amém à estrela que amanhã não vai nem lembrar o nome da cidade que tocou.
Mas, antes de eu terminar esse texto preciso dizer que os meninos que produzem o Rock Sertão são muito legais, tem todo o mérito do mundo por encarar essa parada e se esforçaram o tempo inteiro para manter o respeito no relacionamento com as bandas mesmo na hora que o clima esquentou. Os caras jogam limpo. E isso aqui não é um texto de acusação, ok?
Agora, francamente: até quando vai se manter essa cultura do tratamento bizarramente diferenciado entre os “locais” e as estrelas (porra, até nos camarins a diferença é brutal!)? E até onde realmente vale a pena acreditar que um evento só se eleva quando se agrega um nome de fora a ele?
Deixo aberto o questionamento.
Vida longa ao Rock Sertão!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Once



Assistimos a esse filme completamente por acaso esse fim de semana. (Começa um dvd que tinha um monte de filme e aí o Fabinho diz: Eita, aquele filme do Oscar! Eu, como sempre: Qual?)
Lindamente fotografado, construído sob uma narrativa que escapa com elegância de todos os clichês à espreita, e ainda assim um filme leve, sutil, romântico.
As canções são tema e personagem. Pontuam as histórias individuais dos protagonistas, mas são, acima de tudo, os elementos com maior carga significativa do roteiro.
O fato de ser irlandês ajuda nesse ar de singularidade que o filme tem, revelando o visual de uma Europa ainda pouco explorada pelo cinematografia mundial.
O ator principal tem uma banda com o diretor do filme e é o compositor das belas canções que mesclam um clima folk com um pop pós-moderno, com traços de Coldplay, Radiohead e Belle&Sebastian. Aliás, todo o elenco é de músicos estreando como atores, o que deve explicar a sensação intensa de verdade neste filme onde é a música quem nos diz tudo.
Uma bela surpresa pro meu fim de semana.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sobre jornalismo cultural

Duas situações recentes me fizeram pensar que esse era um bom tema para inaugurar meu blog.
Uma delas é a polemica coluna, criada recentemente em um semanário local, assinada por um estudante de jornalismo que se dedica a massacrar obras musicais de artistas sergipanos, sem muita preocupação aparente com os contextos em que os referidos trabalhos tenham sido lançados.
Outra é um debate que está rolando em uma lista de discussão sobre musica independente que começou com um texto da folha que mete o pau nos ditos "festivais independentes" brasileiros. A discussão descambou para o comportamento de jornalistas que, (segundo o argumneto de alguns) endossados por seus chefes de redação, hoje em dia adoram fazer acusações sem citar nomes... isso porque alguém saiu com uma frase do tipo "bandas indies péssimas, produtores broders, etc".
Só sei que é complicada essa equação. Se a gente fala bem é porque é amigo. Se fala mal é porque é recalcado. Se não fala nada é omisso.
Eu, quando tive uma oportunidade rara de editar um caderno de cultura - numa passagem meteórica por um semanário que quase ninguém soube da existencia e que eu fechava oito páginas sozinha, coisas do jornalismo sergipano - tinha a seguinte premissa: tinha tanta coisa bacana no estado que a imprensa ainda não tinha se dedicado, que era uma perda de tempo me prestar a escrever longos parágrafos metendo o pau em alguém. Simplesmente isso. Achei ruim, ignoro. Achei bom, pauto e tento explicar porque.
É claro que haveria armadilhas. Minha própria estréia nesse semanário foi com o Mechanics(banda indie de Goiania) na capa. Enorme. Ninguém na redação tinha a menor idéia de quem se tratava. Meu texto era pra lá de parcial. Eu era produtora do show que trazia eles a Aracaju.
Ah, mas e daí? Fui ler de novo o texto e acho que o que escrevi não seria muito diferente naquele momento da minha vida (isso foi há uns cinco anos) mesmo s enão fosse produtora do evento. Todo mundo já aprendeu na universidade que a imparcialidade e a objetividade são intangíveis. Claro que isso não quer dizer que a gente já tenha que se conformar e sair por aí tomando partido de tudo. Bom senso está sempre na ordem do dia.
Pode me chamar do que for, mas na minha mais humilde opinião o papel de um jornalismo cultural decente, ou melhor, de uma crítica especializada, cada uma em sua respectiva área, seria o de servir como catalisador de informações sobre a produção artística local. Porque, antes de mais nada, o povo precisa saber que esses artistas existem e fazem o que fazem.
Claro, questões polêmicas não podem ser omitidas. Mas elas podem inclusive ser discutidas em espaços mais amplos do jornalismo, leia-se outras editorias. Crítica é crítica, é pra falar de arte.
E até onde eu posso perceber isso ainda não se faz por aqui.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

pra dar vazão à angustia

...foi essa a motivação inicial.
demorou, mas saiu.
vamos ver qt tempo dura.