segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sobre jornalismo cultural

Duas situações recentes me fizeram pensar que esse era um bom tema para inaugurar meu blog.
Uma delas é a polemica coluna, criada recentemente em um semanário local, assinada por um estudante de jornalismo que se dedica a massacrar obras musicais de artistas sergipanos, sem muita preocupação aparente com os contextos em que os referidos trabalhos tenham sido lançados.
Outra é um debate que está rolando em uma lista de discussão sobre musica independente que começou com um texto da folha que mete o pau nos ditos "festivais independentes" brasileiros. A discussão descambou para o comportamento de jornalistas que, (segundo o argumneto de alguns) endossados por seus chefes de redação, hoje em dia adoram fazer acusações sem citar nomes... isso porque alguém saiu com uma frase do tipo "bandas indies péssimas, produtores broders, etc".
Só sei que é complicada essa equação. Se a gente fala bem é porque é amigo. Se fala mal é porque é recalcado. Se não fala nada é omisso.
Eu, quando tive uma oportunidade rara de editar um caderno de cultura - numa passagem meteórica por um semanário que quase ninguém soube da existencia e que eu fechava oito páginas sozinha, coisas do jornalismo sergipano - tinha a seguinte premissa: tinha tanta coisa bacana no estado que a imprensa ainda não tinha se dedicado, que era uma perda de tempo me prestar a escrever longos parágrafos metendo o pau em alguém. Simplesmente isso. Achei ruim, ignoro. Achei bom, pauto e tento explicar porque.
É claro que haveria armadilhas. Minha própria estréia nesse semanário foi com o Mechanics(banda indie de Goiania) na capa. Enorme. Ninguém na redação tinha a menor idéia de quem se tratava. Meu texto era pra lá de parcial. Eu era produtora do show que trazia eles a Aracaju.
Ah, mas e daí? Fui ler de novo o texto e acho que o que escrevi não seria muito diferente naquele momento da minha vida (isso foi há uns cinco anos) mesmo s enão fosse produtora do evento. Todo mundo já aprendeu na universidade que a imparcialidade e a objetividade são intangíveis. Claro que isso não quer dizer que a gente já tenha que se conformar e sair por aí tomando partido de tudo. Bom senso está sempre na ordem do dia.
Pode me chamar do que for, mas na minha mais humilde opinião o papel de um jornalismo cultural decente, ou melhor, de uma crítica especializada, cada uma em sua respectiva área, seria o de servir como catalisador de informações sobre a produção artística local. Porque, antes de mais nada, o povo precisa saber que esses artistas existem e fazem o que fazem.
Claro, questões polêmicas não podem ser omitidas. Mas elas podem inclusive ser discutidas em espaços mais amplos do jornalismo, leia-se outras editorias. Crítica é crítica, é pra falar de arte.
E até onde eu posso perceber isso ainda não se faz por aqui.

2 comentários:

Duardo disse...

muito bom ler seus textos sobre cultura e voltarei sempre aqui, enquanto forem tão parciais quanto você mesma. aliás, impossível esquecer o endereço do blog, é a sua cara! hehehe

Álvaro Müller disse...

Críticas culturais em Sergipe? Há um cenário grotesco aí... pseudocríticos donos da razão, público disposto a consumir somente os produtos culturais dispostos nas prateleiras do mercado de massa e veículos desinteressados em financiar boas críticas para poucos leitores/telespectadores/ouvintes, enfim. Não vejo saída pra esta m......