sábado, 13 de junho de 2009

black hearted

(Re)Descobri entre meus livros o do Tarkovski, 'Esculpir o tempo'. Infelizmente tarde demais para usá-lo pro tal concurso que me atormentava. Talvez nem fizesse diferença.

Mas, algumas páginas adiante, e lá estava algo definitivo:

"A idéia do infinito não pode ser expressada por palavras ou mesmo descrita, mas pode ser apreendida através da arte que torna o infinito tangível".

O infinito tangível... sempre achei interessante o paradoxo de serem as ciências "exatas" que considerassem com tranquilidade a existência de um universo "infinito".
Tão inexato isso.
E pra piorar minha vida (ou a deles), só as artes conseguem dar a dimensão tangível dessa concepção.

Nesse texto, Tarkovski está tentando explicar o que ele entende que seja a função da arte.
E logo no terceiro parágrafo já está lá, pra me fazer sentir menos sozinha neste mundo:

"De qualquer modo, fica perfeitamente claro que o objetivo de toda arte (...) é explicar ao próprio artista, e aos que o cercam, para que vive o homem e qual o significado de sua existência."

Catarse.

Começou a passar um clipe na minha cabeça com tudo que já pode ter me ajudado a entender minha existência nesse mundo. Aff, difícil.
Não é taaanta coisa assim. Mas tem um bocadinho.
Os filmes do Bergman e do Antonioni, por exemplo, sempre parecem caber em mim feito um espírito que incorpora.

Digo o mesmo pra PJ Harvey. A música e a voz dela me tocam profundamente.

Resolvi deixar aí de presente o clipe novo dela, do disco mais recente em parceria com John Parish. Não consigo parar de ouvir.

My love is black hearted.

4 comentários:

Michel Oliveira disse...

A arte, sempre suscitando novas e profundas discussões. será que um dia ainda encontraremos uma catarse de verdade, tal como pregam os budi stas? Será? Gostei do clipe, do visual claro, pq não entendo nada!

Anderson Ribeiro disse...

É preciso mergulhar mais fundo pra deixar a arte fazer sua parte e não necessitamos tentar compreeender a nossa existência (é mergulhar nas zonas abissais isso. hehehehehe) para perceber que ela é parte de nós e sem ela não andamos.

Coloque mais água no feijão que estou chegando.
Beijos

um thiago qualquer disse...

Maíra, seu texto me tocou profundamente. A escolha do clipe para fechá-lo foi uma pérola. Me fez lembrar o quanto a arte é importante na vida de qualquer pessoa

disse...

Puxa, obrigada Thiago.
A gente escreve essas coisas sem nenhuma dimensão do quanto podem chegar até alguém.
Pra mim isso aqui é um desabafo eventual.
Vi seu blog. As fotos são suas?
Muito boas mesmo.
Abraço