terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

domingo, 25 de janeiro de 2009

Primeira ‘Sessão Notívagos’ – 24/01/09



Quase inacreditável. Pleno sábado de Pré-caju, uma sessão à meia-noite no Cinemark do Shopping Jardins, exibe ‘Repulsa ao sexo’, do polêmico Polanski – da tal “trilogia do apartamento”, Adelvan me lembraria mais tarde – isso enquanto a maioria da juventude sergipana se jogava sem nenhuma repulsa àquelas dancinhas
bestiais seguindo trios elétricos a apenas alguns metros de distância dali.

Mais ainda: na entrada e na saída para o filme, a banda de blues/folk/rock e etc mais badalada do momento, The Baggios , se apresenta no saguão do multiplex!! (Siiiiiiiiiimm, isso mesmo. Banda de rock dentro do cinema, dentro do shopping. U-hú!)



Foi assim a primeira ‘Sessão Notívagos’, que promete acontecer todo último sábado do mês, sempre com um filme ‘cult’ sendo escolhido pela galera na comunidade do orkut junto a uma intervenção artística – que pode ser uma banda, ou um artista plástico, ou uma peça teatral, um espetáculo de dança... enfim, “uma perspectiva transversal”, como dizia no email que recebi.

E olha que eu quase passo batido nessa aí. Tô eu aqui odiando mortalmente o Pré-Caju, decido abrir um email que nunca checo e é então que descubro esse evento quase inacreditável pra dali há uma hora. Ligo pra Adelvan e ele me tira as esperanças, pois os ingressos só seriam vendidos antecipadamente.
UM MINUTO antes do filme começar ele me liga dizendo pra eu ir que o negócio tá rolando. Lá vou eu pensando: “Bah! Deve ter só uma meia dúzia de maluco.” Hum! Chego lá e quase não entro porque venderam TODOS os 250 ingressos. Fui salva pelo toco alheio (e fica aqui meu agradecimento ao desistente anônimo).

Bom, mas aí a gente pensa: “Que bonito isso! Juventude cult em Aracaju hein?” Huuuumm... Não vos enganeis. Pose de cult pode esconder o comportamento mais tabaréu que já se viu na vida. Sim, eu ainda me choco com pessoas dando gargalhadas e fazendo aqueles comentários juvenis pra todo mundo ouvir em um filme como esse. Além do velho hábito de se manter conversando a sessão inteira. Tem gente que merece mesmo comer capim, digaí!

Ainda assim: APLAUSOS DE PÉ A ESSA INICIATIVA.
Mas só aplausos, tá? E boquinha fechada quando o filme começar ;)




(As fotos são de Vitor Balde)

domingo, 11 de janeiro de 2009

"Tire o seu sorriso do caminho...

que eu quero passar com a minha dor."

Nelson Cavaquinho era um gênio mesmo, hein?

Me identifico. Ando desconfiada de gente feliz demais.

(...)

Recomendo imensamente esse belíssimo documentário sobre ele dirigido pelo Leon Hirszman em 1970.

Salve os amargurados.

domingo, 4 de janeiro de 2009

códigos-pós-viagem-para-esquecer-de-tudo

PJ Harvey = garota bipolar (vide Rid of me)

Meodeos = fudeu!

"Deus protege os homens safados" = Ah, a gente sempre descobre

"Vamos seguir aquele carro" = Deus protege garotas aventureiras

"Minha senha tem seu nome" = Sou muito burro mesmo!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Rilke

Há uns 13 anos, um professor de filosofia figura me fez um favor que nunca vou esquecer.

Foi assim: estava eu lá num dos bancos da Ufal, com essa cara amarrada que me acompanha até hoje. Ele sentou do meu lado e eu vomito: "ai, to deprimida". Ele: "deixa de frescura, menina. Amanhã vou trazer um negócio pra você".

No outro dia ele me aparece com três livros: Histórias Extraordinárias, do Edgar Allan Poe (esse eu nunca devolvi), Ejaculações Ereções e outras Pornografias, do Bukowski (foi o primeiro que eu li, hehe) e Cartas a um jovem poeta, do Rainer Maria Rilke. É sobre esse último, na verdade, que resolvi escrever esse post.

O livro é na verdade uma coletânea de correspondencias que o Grande Poeta teria escrito a um jovem escritor que lhe pedia conselho sobre sua obra e que acaba recebendo de volta uma inestimável cartilha poética sobre como suportar a existência.

Assim que eu comecei a ler a primeira carta entendi tudo. Entendi o "deixa de frescura, menina", entendi a profundidade das angústias do mundo e o porque que palavras não dão conta da dor da alma e fazem com que qualquer sofrimento soe piegas. Entendi porque os poetas são poetas e, inclusive, porque eu não era poeta. :)

Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, esta esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas deste longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre o lusco e fusco diante do qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério, — o único existente.
(trecho da primeira carta)


Lembro que lia e choraaaaava e pensava egocentricamente: meu deus, isso foi pra mim!

Devolvi o livro com uma vontade enorme de ficar pra mim.
Passei todos esses anos procurando esse livro. Não parecia fácil encontrá-lo.
Até que semana passada, numa conexão demorada, solitária e angustiada num aeroporto que só tinha uma livraria aberta eu me deparo com ele num formatinho de bolso, por módicos 8 reais. Pra me salvar novamente. Meu coração chega bateu forte.

Rilke faz a gente enxergar com clareza a beleza da tristeza. E isso é bom. Há a depressão antes de ler Rilke e a depressão depois de ler Rilke.