terça-feira, 21 de julho de 2009

Mais de um mês depois...

e a vida dá mais um reviravolta.

de fato, a gente não tem controle... e é interessante perceber como os sinais começam a piscar pra te indicar o caminho a seguir. deixo a vida acadêmica de lado, temporariamente (eu espero), bem na hora que o que costumava ser minha principal motivação, os alunos e as aulas, insistem em não querer valer a pena.

meu principal esforço atualmente é detectar quem é mesmo meu amigo e ligar o foda-se pra quem me trata mal ou me despreza.

pergunto-me: são meus desafios profissionais que sempre são enormes ou sou quem os supervaloriza?

tenho tido uma sensação bem parecida com a que tive depois que julinha nasceu: pânico geral por medo de não dar conta.

será mesmo que é melhor assim? quem sofre menos: quem não se joga por medo ou quem se joga com medo?

outro dia, vi na televisão um professor de filosofia tentando explicar o medo. gostei da racionalização. acaba com esse sentimento cristão que é a "culpa".

fico com os existencialistas e com a luta contra o nada.

sábado, 13 de junho de 2009

black hearted

(Re)Descobri entre meus livros o do Tarkovski, 'Esculpir o tempo'. Infelizmente tarde demais para usá-lo pro tal concurso que me atormentava. Talvez nem fizesse diferença.

Mas, algumas páginas adiante, e lá estava algo definitivo:

"A idéia do infinito não pode ser expressada por palavras ou mesmo descrita, mas pode ser apreendida através da arte que torna o infinito tangível".

O infinito tangível... sempre achei interessante o paradoxo de serem as ciências "exatas" que considerassem com tranquilidade a existência de um universo "infinito".
Tão inexato isso.
E pra piorar minha vida (ou a deles), só as artes conseguem dar a dimensão tangível dessa concepção.

Nesse texto, Tarkovski está tentando explicar o que ele entende que seja a função da arte.
E logo no terceiro parágrafo já está lá, pra me fazer sentir menos sozinha neste mundo:

"De qualquer modo, fica perfeitamente claro que o objetivo de toda arte (...) é explicar ao próprio artista, e aos que o cercam, para que vive o homem e qual o significado de sua existência."

Catarse.

Começou a passar um clipe na minha cabeça com tudo que já pode ter me ajudado a entender minha existência nesse mundo. Aff, difícil.
Não é taaanta coisa assim. Mas tem um bocadinho.
Os filmes do Bergman e do Antonioni, por exemplo, sempre parecem caber em mim feito um espírito que incorpora.

Digo o mesmo pra PJ Harvey. A música e a voz dela me tocam profundamente.

Resolvi deixar aí de presente o clipe novo dela, do disco mais recente em parceria com John Parish. Não consigo parar de ouvir.

My love is black hearted.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

deserto rosso

Nada de Kubrick.
Eu já devia saber que Antonioni era meu cineasta predileto.
E também esqueçam Blow Up.
Deserto Vermelho é a obra-síntese.
Ainda que seja da minha relação com ele, se assim preferirem.

Eu sou a Monica Vitti dizendo: "... as cores, as coisas, as pessoas... tudo me perturba".

Meu olho enxerga a dimensão estética de objetos meramente funcionais; minha alma é eventualmente arrebatada diante de inevitáveis desproporções; ruídos sonoros cotidianos me permanecem estranhos; horizontalidades e verticalidades me atravessam e me partem ao meio...
E vez por outra tudo isso nem me cabe. Ou me atrai profundamente a ponto de me dispersar.

Eu sou a Monica Vitti dizendo: "há algo muito errado na realidade e eles não me dizem o que é".

Me encontro no deserto vermelho Antonioniano.


quarta-feira, 29 de abril de 2009

Um bocado de coisa

*Eu já devia ter falado de um bocado de coisa que passou, to devendo um texto decente sobre 'Matou a família...' mas quando eu tive o insight tava sem computador por perto, e depois fiz a besteira de ler outro texto sobre ele excelente... aí lascou...

*Aí, ainda, depois disso já vi outro filme ainda mais doido do Bressane: O Rei do Baralho. Meu Deus, o que dizer? O Rei ducaralho (no bom sentido)?

*Hoje eu assisti uma outra obra-prima, por razões absolutamente diferentes: O Terror das mulheres, do Jerry Lewis. Simplesmente genial. Figurinos da Edith Head, esqueci quem é o diretor de arte mas é simplesmente um espetáculo, além é claro da direção incrível do Lewis que talvez tenha sido a primeira vez que eu tenha visto 'de olhos bem abertos', digamos assim.

*Outro dia me dei conta que não falei nem metade do que devia ter falado sobre a etapa Aracaju do Festival Nordeste Independente. Aliás, aqui no blog não falei nada. Um gafe terrível da minha parte. Já não há cobertura de musica (rock, então...) na imprensa sergipana e eu não só fui, como de uma certa forma ainda colaborei disponibilizando os videos que foram exibidos e depois nem uma vírgula! Pendura aí.

*Ontem teve The Baggios e Retrofoguetes no Capitão Cook. The Baggios eu só vi o final, continua muito bacana, a dupla parece mais entrosada do que nunca. Retrofoguetes dá gosto de vencer o cansaço pra assistir. Banda que funciona tanto em festivais grandes como em inferninhos - que foi o clima que o bar se transformou ontem. O trio toca muito, estão na estrada há anos, continuam incendiando a platéia e quebrando com aquele status 'uiuiui-mamãe-não-cheguem-perto- de-mim-que-eu-sou-foda'.

*A Snooze toca em Maceió dia 30/05 no festival Maio-nese, junto com Mellotrons (PE) e Mopho em sua formação original. Vai ser bom ver isso em casa, revendo velhos amigos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Demorei (2)

(A postagem urgente era essa, e quase chega atrasada...)


É uma dica valiosa pra quem está chegando nesse mundo da cinefilia e assim, meio que por acaso, quase sem querer, quem sabe por uma certa displicencia ou (cá entre nós, a gente não conta pra ninguém) um pouquinho de preconceito... enfim, pra quem tem o descaramento de dizer que gosta de cinema e ainda não viu nada do Hitchcock, essa é a grande chance de tirar o atraso. E começando com o pé direito.


O Mestre do Suspense (arrgh, tira esse clichê de cima de mim!) é o tema da mostra deste mês do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira. Foram escolhidas três obras-primas de sua melhor fase da década de 50: 'Janela Indiscreta', 'Um corpo que cai' e 'Psicose'.


Pra quem já viu, certamente não custa ver de novo. Em se tratando de Hitchcock sempre há novidades. Eu mesma tive que ver umas três vezes 'Um corpo que cai' até conseguir memorizar aquela trama labiríntica.


A abertura, amanhã (quarta, 23/04) às 19h, é mais imperdível ainda pela presença do Prof. Caio Amado (UFS, Mestre em cinema pela ECA/USP) para um debate após a exibição de 'Janela Indiscreta'.


A mostra segue na quinta com 'Um corpo que cai' e na sexta com 'Psicose'.
Sempre às 19h. De graça.


O NPDOV fica na R. Lagarto, n°2161, São José.


E saca só esse cartaz polaco de 'Vertigo' (Um corpo que cai) que eu encontrei por aí:

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Demorei demais...

...pra atualizar esse blog e muito, mas muito, muito mais pra assistir esse filme.

E, meu deus, que vergonha! Como é que eu pude ter chegado até aqui sem esse na lista?!



'Matou a família e foi ao cinema' foi dirigido por Júlio Bressane em 1969 e junto com 'O bandido da Luz Vermelha', do Rogério Sganzerla, marca o nascimento do cinema marginal.

Ok. Mais que isso há nos livros e em toda a internet...

Por nunca ter visto esse filme até hoje perdi, para pelo menos algumas dezenas de aulas, um exemplo magistral de composição e enquadramento, montagem paralela, narrativa não linear, intertextualidade e metalinguagem. Isso, no mínimo. Além disso, faz tempo que eu já podia ter respeitado a Renata Sorrah como atriz.

Eu podia falar muito mais, mas já tem outro post atrasado então fico prometendo a parte dois.

Por enquanto fica o registro do meu êxtase eisensteineano com 'Matou a família e foi ao cinema' e minha reverência eterna à Julio Bressane por esta obra-prima.

sexta-feira, 3 de abril de 2009